Todo pintor genuíno é refém de suas produções e marca autoral

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  • Cesar Romero

Publicado em 7 de maio de 2018 às 05:30

- Atualizado há um ano

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Todo pintor genuíno é refém de suas produções e marca autoral. Sem essas evidências ele se dilui, sendo mais um que se agita no suporte, na massa corante, sem novas soluções e acréscimos, mudando a cada instante como se isso fosse sinônimo de “inquietação”. Não é, sim de um descompasso nas ideações, mais fácil mudar a aparência que se aprofundar no seu próprio alfabeto. Mondriam, Josef Albers, Rubem Valentim, Auguste Herbin, Jackson Pollock, Pierre Seurat, Keith Haring (foto), Jean-Claude Basquiat, Alfredo Volpi são exemplos lapidares de transfigurações endógenas e permutações. Eles não se repetiam, mergulhavam em suas criações, aprofundando seus códigos, à exaustão. Na realidade usavam trocas de forma, linha e cor, tornando a imaginação maior que a realidade escolhida. Eles conheciam em essência seus apuramentos, seus desafios e linguagem.

A aventura humana traz contradições, conflitos, desafios, dias melhores outros não. No enfrentamento, se constrói carreira, que não é tarefa fácil. É preciso acreditar, ter gosto e liberdade. A arte é vulnerável, deve-se fugir da banalidade, coisa tão presente em nosso cotidiano.

Há espaço para se questionar a arte em si, e oportunidades para meditações de novos conteúdos.

A inteligência visual, ligada a intuição - ambas treináveis – nos leva a várias possibilidades plásticas e expressivas. As mutabilidades e apropriações quando ligadas a ética, estudos e aprofundamento, liberta. O que salva o artista é seu conteúdo e seu poder causador, nas articulações das equações do olhar e pensamento. Também seu estoque de ideações, que está imerso nas vivências, seu instrumental de eficácia. Trabalhos na área do conhecimento nunca podem ser dados por concluídos. A convivência de qualquer produtor de arte com seus pares, as trocas de saberes, dissecamentos de assuntos, abrem possibilidades de novos ângulos de assimilações. A obra de arte sempre estará aberta a inquirições e interpretações. Entra aí o crítico de arte que é um elo entre o artista e o público, numa atividade que envolve diversos saberes, pensamento ordenado, capacidade de situar o criador à comunidade, seu contexto e evolução. Ainda promovendo análises sistêmicas, exames detalhados do conjunto de tudo aquilo que existe no espaço e no tempo das produções de arte.

Em nosso mundo globalizado, quando a emergência funciona com pressão máxima, é imperativo não ceder aos impulsos, para que a obra de arte não seja um arremedo, caia na diluição. O processo investigativo requer tempo, pesquisas e organizações de argumentos. Os desafios são eternos, enquanto dure o tempo, sua lógica, conhecimentos e valores.