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‘Sigo desde 1978 fazendo as minhas 13 noites de oração’, diz devota
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2022 às 21:11
A tradição dura 13 dias, mas Sandra Guerreiro, 66, esperou 37 anos para vivê-la como sonhava. Desde criança, observava a mãe e a tia rezando a trezena de Santo Antônio e desejava conquistar a casa própria para fazer o mesmo. Este ano, completou 29 trezenas e conta que já chegou a receber 100 pessoas.
"Eu sempre disse que quando tivesse a minha casa faria a mesma coisa que minha mãe e minha tia. No primeiro ano que eu tive a casa comecei a rezar Santo Antônio. É assim que a gente espalha a devoção e impede que ela se perca. Antes muita gente rezava aqui no bairro, mas muito foi se perdendo. E junto a isso a gente faz um trabalho social".
Mesmo na pandemia ela não perdeu a tradição. Com a ajuda de parentes, transmitiu as orações por live. Depois de quase três décadas, a trezena ficou tão famosa no Santo Antônio Além do Carmo, que os pãezinhos distribuídos pela família provêm da doação de conhecidos. Além de rezar, a devota, junto com um grupo de fiéis, arrecada enxovais para destruir para mães carentes.
Desde essa quarta-feira (01) até o dia 13 de junho, muitos outros baianos estarão rezando para Santo Antônio, como manda a trezena, que culmina com a festa para Santo Antônio, a primeira do ciclo de festas juninas, no último dia das orações.
Outro costume típico da época é a distribuição do pãozinho, que simboliza fartura para quem o guarda junto com a farinha ou o arroz. Além de simbolizar a fartura, algumas pessoas optam por comer o pão para conseguir um namorado ou marido. Há quem também use para presentear amigos.
Na casa de Uilson Nunes Cardoso, 57 anos, a tradição da reza foi impulsionada pelo pedido de fartura. Sua mãe ganhou uma imagem de Santo Antônio, mas quando ela quebrou, a família passou por dificuldades. O cenário só melhorou quando a matriarca orou a Santo Antônio prometendo colocá-lo de volta no altar.
“Minha mãe rezou o Santo por mais de 23 anos. Após a morte do meu pai, ela parou de rezar e eu comecei no lugar dela. Já faz 11 anos que eu rezo. Todo ano aqui em casa a gente reza, faz festa, canjica e toda comida típica da época. Eu não faço nada sem chamar o nome de Deus e o de Santo Antônio”, conta. Maria Conceição Costa agora monta o altar de Santo Antônio no centro em que é líder (Foto: Acervo pessoal) Há 44 anos, Maria Conceição Costa, 72, conquistava a casa que pediu ao padroeiro dos pobres, prometendo que aquele seria um espaço de reza para o santo. Hoje, como líder religiosa do Centro Caboclo Sultão, segue cumprindo sua promessa junto com dezenas de pessoas.
“Eu agradeço até hoje a Santo Antônio o quanto eu tive e o quanto eu tenho e o quanto ele me ajuda. Sou muito devota e sigo desde 1978, quando fui morar na minha casa, fazendo as minhas 13 noites de oração”, diz Maria.
Santo Antônio é conhecido como padroeiro dos pobres e protetor de casais, por isso é um dos santos mais populares do Brasil. Ele nasceu no final do século XII em Portugal e era da ordem franciscana.
Paróquias com programação especial:
Igreja e Convento São Francisco Endereço: Largo do Cruzeiro de São Francisco – Pelourinho, em Salvador Data: 1º a 13 de junho Horário: às 17h Tema: “Com Santo Antônio, queremos uma Igreja Vocacional, Educadora e Sinodal”
Paróquia Santo Antônio Além do Carmo Endereço: Largo do Santo Antônio Além do Carmo, em Salvador Tema: "A esperança do mundo se alicerça na missão, comunhão e participação" Data: 1º a 13 de junho Horário: a partir das 20h
Paróquia Santo Antônio Endereço: Fazenda Coutos, em Salvador Data: 1º a 13 de junho Horário: às 19h Tema: “Com Santo Antônio caminhamos juntos, numa Igreja sinodal, rumo ao Reino de Deus”
*Com a orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo