Trilha Mística

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  • Aninha Franco

Publicado em 29 de agosto de 2020 às 16:00

- Atualizado há um ano

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Não nos tem faltado tempo para observar, concentrados, a nós mesmos. E aos outros, nossos semelhantes, feitos, reza a lenda, à semelhança de Deus. Se assim é, esta semana fomos uma heresia. Flor-de-lis, 59, pastora, deputada federal, protagonista de filme com elenco estrelar, casada com o filho adotivo, ex-marido de sua filha biológica, mãe_mulher, mandou matar o filho_marido porque sendo pastora não podia separar-se dele, já que Deus não gosta de separações. Parece, Bressane, que depois ninguém foi ao cinema.

No território onde Flor-de-lis nasceu, cresceu, adotou e matou o filho_marido, caiu outro governador por corrupção. Evitemos contá-los. Dois dias antes da queda, o cara, um ex-Juiz de Direito, ameaçou a corrupção no twitter. E talvez ela, @corrupcaobrasileira, a poderosa, a popozuda, a preparada, resolveu responder pessoalmente à ameaça. Como não conseguiu mandar o governador para a prisão, ainda, pegou o Bispo Everaldo, o cara que inventou o governador, o cara que foi candidato a presidente, o cara que tem um partido pra chamar de seu, que recebeu dinheiro da Odebrecht como quase todos eles, e que batizou Bolsonaro e Witzel no Rio Jordão, em Israel.

Todos esses acontecimentos me lembraram o Governador Mém de Sá, que governou o Brasil, na Bahia, entre 1557 e 1572, e quando chegou no Rio de Janeiro ficou tão deslumbrado com sua beleza – Ô terra bonita! – que escreveu ao Rei pedindo que não mandasse degredados para aquele paraíso. E esses, e todos os outros fatos que fazem do Brasil um país peculiar, me lembram, sem cessar, de Primo Levi no espetacular É isso Um Homem?, relatos de sua prisão no Campo de Concentração de Austerlitz durante a 2ª Guerra Mundial.

Humanos em tempos sombrios se mostram por inteiro. E Levi conta que assistiu a um rabino agradecer a Jeová porque naquele dia havia escapado do forno crematório na seleção diária da SS. E sugeriu que Jeová cuspisse a oração do rabino porque na seleção da SS, o rabino pensou exclusivamente em si e não naqueles que deveria amparar e proteger, mais jovens que ele, ou até crianças.

Sim, tenho pensado em Levi porque parte dos horrores que foram praticados esta semana no Rio de Janeiro, no Brasil, foram praticados em nome do Deus que em seus mandamentos os condena e que, portanto, precisa urgentemente, tomar uma providência.