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Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2020 às 09:02
- Atualizado há 2 anos
Nesta sexta-feira, 20, Donald Trump intensificou sua estratégia para transformar a derrota nas urnas em vitória no colégio eleitoral. Na Casa Branca, recebeu uma delegação de congressistas estaduais de Michigan, Estado em que o democrata Joe Biden venceu por mais de 150 mil votos. O objetivo é pressionar os Legislativos locais, dominados pelo seu partido, para que ignorem o resultado e escolham os eleitores que decidirão o vencedor da eleição.>
Inconformado com a derrota, o presidente parece disposto a subverter mecanismos que antes eram apenas procedimentais e se beneficiar do fato de a eleição americana não ser direta - quem decide o presidente é um colégio eleitoral composto por 538 eleitores escolhidos pelos Estados. Michigan tem 16 votos. Por isso, sozinho, o Estado não seria capaz de reverter a vantagem de Biden (306 a 232).>
Ontem, a CNN e o Washington Post, com base em relatos de fontes da Casa Branca, disseram que a campanha deve convidar também, nos próximos dias, congressistas da Pensilvânia (20 votos no colégio eleitoral) e de Wisconsin (10 votos), ampliando a estratégia para mais dois Estados vencidos por Biden - o democrata teve 80 mil votos a mais na Pensilvânia e venceu por 20 mil votos em Wisconsin.>
O caminho, no entanto, é cheio de obstáculos. Um deles é o tempo Na segunda-feira termina o prazo para que as comissões eleitorais estaduais certifiquem o resultado na Pensilvânia e em Michigan. Trump vem tentando adiar essa data nos tribunais, mas perdeu todas as ações legais sobre o tema. Por isso, partiu para a pressão pessoal.>
Os resultados em Michigan já foram certificados por todos os 83 condados e agora estão nas mãos do comitê eleitoral do Estado, composto por dois democratas e dois republicanos - um deles, Norman Shinkle, já disse que votará pelo adiamento da certificação. "Se há irregularidades, uma auditoria é o mais indicado", disse.>
A tese de que os Legislativos estaduais podem subverter o resultados das urnas é altamente contestável - a grande maioria dos juristas garante que a manobra seria destruída na Justiça. No caso específico de Michigan, a governadora Gretchen Whitmer, democrata, teria poder de vetar qualquer decisão do Congresso local.>
Richard Primus, constitucionalista da Universidade de Michigan, afirmou que os congressistas que estiveram ontem na Casa Branca, se de fato cederem à pressão de Trump, podem ser indiciados criminalmente, já que a lei do Estado proíbe ao Legislativo mudar o resultado das urnas.>
"Uma pessoa quando está se afogando tenta se agarrar a qualquer coisa. Uma pessoa forte e capaz de levar outros com ele para o fundo", escreveu Primus em artigo no Político. "Até agora, os congressistas de Michigan - e dos outros Estados que Trump tenta virar, como Pensilvânia e Wisconsin - têm mantido certa distância. Espero que continuem assim.">
O Partido Republicano parece dividido quanto a estratégia. Ontem, dois deputados - Richard Hudson e Paul Gosar - disseram que o caminho escolhido pela campanha está dentro da lei. "Os Estados deveriam adiar a certificação dos resultados", disse Hudson. "Os Estados têm poder de nomear os próprios eleitores", afirmou Gosar.>
Mas a oposição à estratégia vem crescendo, especialmente após a tumultuada entrevista coletiva do advogado de Trump, Rudy Giuliani, na quinta-feira. O ex-prefeito de Nova York, que fatura US$ 20 mil por dia para liderar a equipe legal do presidente, disse que Biden liderava um complô comunista que passava pela Venezuela.>
Ontem, o senador Lamar Alexander e os deputados Kay Granger e Fred Upton - parte dos republicanos mais antigos do Congresso - pediram que Trump aceite a derrota. "É hora de seguir em frente", disse Granger. "Ninguém conseguiu identificar qualquer sinal de fraude", afirmou Upton . (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)>
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>