Turistas enchem Salvador e taxa de hospedagem supera período antes da pandemia

Ocupação hoteleira alcançou 55% em maio; mês é considerado de baixa estação e até 2019 a ocupação oscilava em torno de 45%

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  • Gil Santos

Publicado em 20 de junho de 2022 às 06:00

. Crédito: Marina SIlva/CORREIO

Uma pesquisa revelou o que muitos soteropolitanos estavam percebendo a olho nu, o turismo está mais intenso que o normal para essa época do ano na cidade. Um levantamento realizado pela (ABIH-BA) apontou que a ocupação hoteleira em Salvador no mês de maio foi de 54,63%. O percentual é superior aos registrados antes da pandemia, quando a média de ocupação ficava abaixo de 50%. Os dados foram divulgados no último dia 17.

No Pelourinho, o local mais procurado pelas pessoas que visitam Salvador, o vai e vem está tão intenso que, em alguns trechos, fica difícil de caminhar. Segundo os trabalhadores da região, o perfil do público é variado. Há turistas viajando sozinhos, em família ou grupo de amigos.  O advogado Marcelo Gurgel, 38 anos, e a fisioterapeuta Gabriela Lourenço, 34, estão fazendo uma viagem de casal. “Estávamos planejando conhecer Salvador há algum tempo. Primeiro, pensamos em vir em 2020, mas desistimos por conta da pandemia. Os números deram uma aliviada, então, marcamos a viagem. Adorei a cidade, as pessoas e, principalmente, o clima. São Paulo está muito fria. Salvador está mais quentinha”, contou Gabriela.

Alguns metros adiante, o professor Ivanilton Soares, 40, a esposa dele Maria Cecília, 38, e o filho Davi, 5, faziam poses para fotos. Eles são de Porto Seguro e essa é a terceira vez do casal na capital baiana, mas a primeira do menino. Perguntado sobre o motivo de ter retornado, o pai foi rápido na resposta.“Eu gosto de Salvador, das pessoas e dos lugares. Essa é a primeira vez que a gente vem no período do São João. A cidade está muito bonita e animada”, disse.A pesquisa da ABIH mostrou que em maio a diária média (R$ 416,95) se manteve em níveis semelhantes aos meses de março (R$ 410,30) e abril (R$ 410,08), incentivada pela entrada de hotéis de luxo na capital baiana. O Revpar – indicador que calcula a diária em relação à taxa de ocupação – seguiu o mesmo ritmo da diária média, mantendo a mesma faixa dos dois meses anteriores a maio com R$ 227,80.

Batizada de Pesquisa Conjuntural de Desempenho (Taxinfo), o levantamento feito pela Associação foi realizado de forma digital e os dados foram fornecidos diariamente pelos hotéis ao Portal Cesta Competitiva. A média resultante constitui o indicador para avaliar a evolução da atividade de hospedagem na capital baiana.

O presidente da ABIH-BA, Luciano Lopes, contou que cerca de 50% das pessoas que visitam Salvador nesta época do ano moram em cidades baianas. Em seguida, aparecem os visitantes de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal. Entre os estrangeiros, predominam argentinos, chilenos, portugueses, italianos e espanhóis. Para Lopes, os números positivos de maio foram impulsionados por dois fatores.“Esse resultado é fruto do turismo de lazer, mas sobretudo do turismo de negócios. Com a flexibilização das medidas e o avanço da vacinação, as pessoas estão viajando mais. Pudemos retomar os eventos e o turismo de negócios era a engrenagem que estava faltando para incrementar as taxas de ocupação, principalmente na baixa estação. Esperamos manter esse resultado nos próximos meses”, afirmou.O novo Centro de Convenções, inaugurado em janeiro de 2020, teve papel fundamental nessa equação. O espaço ficou fechado durante o período mais duro da pandemia, mas já retomou as atividades sediando congressos e outros eventos. A agenda tem atividades marcadas até abril de 2023.

Maio e junho são os períodos mais fracos para o setor de hotelaria. Em média, a taxa de ocupação ficava entorno de 40% a 50%. Segundo a ABIH, o turismo de lazer está sendo impulsionado pelas viagens em família, enquanto o perfil dos visitantes a negócios muda de acordo com cada evento. Os visitantes têm ficado até quatro dias na cidade. “Esse número já foi menor, então, houve uma melhora”, comemorou o empresário.  

Salvador tem cerca de 400 estabelecimentos de hospedagens, entre hotéis, pousadas e albergues. O setor é responsável por cerca de 50 mil empregos diretos, além das atividades indiretas que dependem do turismo ou que prestam serviços para esses estabelecimentos.

Mas nem tudo são flores. Alguns turistas apontaram o que Salvador ainda precisa melhorar para tornar a experiência dos visitantes mais prazerosa. A psicóloga carioca Priscila Barros, 30, está viajando com duas amigas e reclamou das abordagens.“Alguns vendedores ambulantes são muito agressivos. Sei que eles precisam comercializar os produtos e que essa provavelmente é a única renda que eles têm, mas chega a ser intimidador. Não vamos deixar isso estragar a nossa viagem, mas é algo que nos deixa desconfortáveis”, disse.Confira alguns dos locais preferidos dos turistas:

Pelourinho – Um dos principais cartões postais de Salvador, o Pelourinho está diretamente relacionado com o desenvolvimento da história da cidade. O local abrigou as famílias nobres do tempo colonial e tem riqueza arquitetônica e cultural.

Elevador Lacerda – Inaugurado em 1873, era considerado o primeiro elevador urbano e o mais alto do mundo. Hoje, é cenário obrigatório nas fotos e vídeos feitos pelas pessoas que visitam Salvador.

Mercado Modelo – Atualmente em reforma, funcionava originalmente em outro prédio no bairro do Comércio até ser transferido para o edifício da antiga alfandega, onde está até hoje. Turistas aproveitam as lojas e os restaurantes do local.

Igreja do Bonfim – Construído na primeira metade do século XVIII, o templo passou por diversas ampliações e é sede da Festa do Bonfim, uma das principais expressões de fé do povo baiano.

Farol da Barra – O Forte de Santo Antônio da Barra foi erguido no século XVI, com uma estrutura precária, e é apontado como o farol mais antigo das Américas. A torre atual é do século XIX. Ele dá nome a duas das praias mais famosas da cidade, Farol da Barra e Porto da Barra.

Rio Vermelho – A orla do Rio Vermelho é considerada ponto de encontro da boemia e, por isso mesmo, procurada por quem está em busca de diversão. Os tabuleiros de baianas de acarajé famosas também são responsáveis por atrair o público para essa região da cidade.

Praia de Itapuã – Famosa nas músicas de Dorval Caymmi, a orla de Itapuã é um ponto escolhido por turistas que buscam conhecer locais mais distantes do centro da cidade. Em 2019, a região foi requalificada, recebendo quiosques, ciclovia e outras estruturas.

Ilhas – Visitantes têm buscado também as ilhas do Frade, de Maré e de Bom Jesus dos Passos. Longe do agito da metrópole, são locais recomendados para quem quer descansar. Agências têm passeios com roteiros diários por esses locais.