Última arara selvagem do Rio de Janeiro está solitária e à procura de amor

Com cerca de 20 anos, ela nunca acasalou

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  • Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2021 às 20:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock

Colorida, bicuda e, literalmente, capaz de te levar aos céus. Julieta seria um partidão em condições normais, mas um obstáculo a impede de encontrar o grande amor: ela é a única arara selvagem no Rio de Janeiro.

Num último ato, a arara resolveu procurar um ninho perto do zoológico da cidade. E por lá o passarinho azul e amarelho é visto há duas décadas se pendurando e brincando com os amiguinhos que fez por lá.

Neiva Guedes, presidente do Instituto da Arara Azul, disse à AP que esses animais vivem cerca de 35 anos e a ave que Julieta deveria ter encontrado um companheiro para a vida anos atrás.

Julieta, no entanto, jamais construiu um ninho ou teve filhotes. Por enquanto, está só na paquera.

“São pássaros sociais, o que significa que não gostam de viver sozinhos, seja na natureza ou em cativeiro. Eles precisam de companhia ”, disse Guedes, que também coordena um projeto que pesquisa araras em meio urbano. 

Julieta "muito provavelmente se sente solitária, e por esse motivo vai até o recinto para se comunicar e interagir", teoriza a especialista.

As araras costumavam voar em grandes bandos sobre a cidade, mas devido à caça e ao tráfico agora estão quase extintas. A AP observa que, além de Julieta, o último avistamento de uma arara-azul e amarela voando livre no Rio foi em 1818 por um naturalista austríaco.

Segundo Marcelo Rheingantz, biólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, há nenhum outro tipo de arara na cidade

Os biólogos do zoológico BioParque não têm certeza se Julieta está a procura de um Romeu específico, ou se ela está interessada em mais de um pretendente.

Aliás, eles nem têm certeza se Julieta é fêmea. Afinal, p sexo da arara é quase impossível de determinar à vista e requer teste genético de penas ou sangue, ou exame das gônadas.

Um teste, no entanto, está fora de cogitação. A bióloga Angelita Capobianco considera que isso seria uma interferência feita meramente para saciar a curiosidade humana, sem finalidade científica.

Capturar Julieta e colocá-la no Zoo também está fora de cogitação, afinal, a ave voa alto e parece bem nutrida.

“Não queremos projetar sentimentos humanos. Eu olho para o animal e vejo um animal à vontade ”, disse Capobianco, observando que Julieta nunca exibiu comportamento que indicasse perturbação, como bicar insistentemente a cerca.