Um Brasil verdadeiramente capitalista

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  • Armando Avena

Publicado em 2 de agosto de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O Banco Central deu esta semana um passo importante para transformar o Brasil em uma economia com foco na produção e não no mercado financeiro. Ao reduzir a taxa de juros de 6,5% para 6%, a menor taxa em 23 anos, e anunciar um novo ciclo de queda que pode levar a taxa Selic a 5,0% no final do ano, o Banco Central mandou dois recados aos agentes econômicos. Com o primeiro, avisou que o cenário econômico internacional é benigno, como atesta a queda nos juros americanos, que os fundamentos da economia brasileira estão ajustados, a inflação está abaixo da meta, o câmbio equilibrado e o setor público, embora lentamente, está tentando reduzir o rombo nas contas públicas e preparando o país para a redução do papel do Estado e uma ampliação, sem precedentes, da abertura econômica. Ou seja, avisou que o Brasil está tentando ser um país verdadeiramente capitalista, criando um ambiente amigável ao investimento e ao empreendedorismo. 

O segundo aviso foi mais incisivo e anuncia que quem quiser permanecer vivendo de renda no mercado financeiro ou vai ver seu capital se esvair em aplicações de baixo rendimento ou vai se arriscar na Bolsa e no mercado de ativos de risco, como dólar, ouro e outros. Aliás, com juros de 6% ao ano e inflação de 4%, após pagar o imposto sobre o rendimento e a taxa de administração, o investidor não vai ganhar nada, ou vai ganhar tão pouco que não vale a  pena seguir como rentista. Aliás, logo após ler este artigo, ele deveria consultar qual a taxa de administração de sua aplicação financeira e tirar o dinheiro do banco se ela não estiver abaixo de 1%. Com a queda na taxa de juros, nunca foi tão atrativo investir na produção, montar uma empresa, partir para o mercado real. 

Os investidores fazem uma conta simples –  que os economistas dão o nome pomposo de Eficiência Marginal do Capital – para saber se vale a pena investir ou ficar no mercado financeiro. É uma fração  simples, na qual se coloca no numerador a taxa de retorno de uma unidade de capital investido e no denominador a menor taxa de juros de mercado. Se o resultado dessa comparação for maior que 1,  vale a pena investir. Pois bem, com juros reais abaixo de 2% ao ano, essa conta sempre é maior que 1 e vale a pena investir, seja numa fábrica, num hotel, numa loja, ou em uma quitanda na porta de casa. 

E não me venham com essa história de que é preciso esperar o desemprego cair para começar a  investir, pois é o contrário: o desemprego caí a medida que os empresários investem. Para completar o quadro benigno, logo após o anúncio da queda na taxa Selic, o Banco do Brasil e a  Caixa Econômica Federal  anunciaram a queda do spread bancário com uma  redução significativa nos juros do cheque especial, do cartão de crédito, do empréstimo pessoal e outras linhas de crédito, redução que pode chegar até a 40%.  

Os investidores podem agora exigir empréstimos a juros menores na ponta do sistema ou abandonar o banco que continua com práticas antigas e onerosas. E para os clientes do sistema bancário, a recomendação é óbvia: se o seu banco não reduzir as taxas de juros para patamares iguais ou menores aos praticados pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal,  mude de banco:  é fácil, rápido e seguro,  inclusive para quem tem conta-salário. 

A retomada na política de queda nos juros não é a panaceia que resolverá todos os problemas brasileiros, tampouco pode-se dizer que de repente o país entrou nos trilhos. Tudo isso é um processo que começou com várias medidas implementadas pela  equipe econômica do governo Temer e continua na mesma linha com a competente equipe econômica do atual governo.  Sob o ponto de vista econômico, o Brasil finalmente está se tornando um país verdadeiramente capitalista. Resta torcer para que a política não atrapalhe a economia.

O NOVO CENTRO DE CONVENÇÕES Na próxima semana ocorre o Congresso Hoteleiro Hospitality Experience 2019, que inclui rodada de negócios e reúne centenas de  agentes de viagens e operadores de turismo e o grande protagonista do evento é o novo Centro de Convenções de Salvador, no Jardim Armação. Previsto para ficar pronto ainda este ano, o  Centro de Convenções será um point na cidade e vai incrementar o turismo de negócios, pois terá capacidade para receber cerca de 15 mil pessoas em feiras e convenções, terá dois espaços para shows, sendo um interno e outro na externo, com capacidade para 20 mil pessoas. Segundo o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Claudio Tinoco, já estão pactuados no novo equipamento 19 eventos de porte, a exemplo do Congresso Nacional de Hotéis e a Equipotel – Feira de  Equipamentos para  Hotéis, que ocorrerão juntas em maio de 2020.  O Hospitality Experience 2019 é uma promoção da  ABIH – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Bahia em parceria com o Sebrae.

PREFEITURA: INFLAÇÃO DE CANDIDATOS Haverá mais candidatos à Prefeitura de Salvador do que sonha nossa vã filosofia. Só esta semana surgiram três novos postulantes: o deputado  estadual Paulo  Câmara, ou outro nome do PSDB, o presidente do bloco afro Ilê Ayiê, Vovô do Ilê , e Celso Cotrim. E, no campo da comunidade negra, em breve vão aparecer outros candidatos.

O MÊS TRÁGICO Se abril é o mais cruel do meses, como queria Eliot, agosto é o mais trágico, especialmente para os presidentes do Brasil. Em agosto, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no peito, Juscelino Kubitschek morreu em um acidente automobilístico, Jânio Quadros renunciou à Presidência da República e Dilma Rousseff perdeu o cargo de presidente, após sofrer um processo de impeachment. É recomendável que presidente Bolsonaro dê menos entrevistas  este mês.

GÁS SEM MONÓPOLIO A Agerba – Agência Estadual de Regulação  de Serviços Públicos de Energia vai emitir uma resolução que  autoriza a Bahia Gás a usar sua estrutura para transportar o gás adquirido pelas empresas ou consumidores de qualquer fornecedor, inclusive do exterior, sem que o produto passe pela Petrobras. Qualquer consumidor que desejar adquirir gás poderá comprar diretamente a um fornecedor, e a Bahia Gás atuará apenas como transportador, o que poderá viabilizar preços menores do gás. 

É verdade que a empresa continuará com o monopólio na distribuição, mas, segundo o secretário de Infraestrutura, Marcus Cavalcanti, a regulamentação vai aumentar a competitividade das empresas, fazendo com que o consumidor tenha acesso a qualquer fornecedor e estabelecendo-se negociação no preço do transporte.  Dez entre dez empresas industriais que produzem ou querem investir na Bahia  afirmam que o alto preço da energia é o nosso maior problema.  Assim, o estabelecimento de um mercado livre do gás pode tornar mais competitivo o investimento e, certamente, vai estimular a competição pelo arrendamento da Fafen – Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Camaçari, que foi paralisada, entre outras coisas, por conta do alto preço do gás natural.