Um caso de agressão contra duas mulheres tem, sim, que virar notícia

Senta que lá vem...

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  • Tailane Muniz

Publicado em 6 de setembro de 2018 às 16:12

- Atualizado há um ano

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pessoas e lugares sempre me fascinaram. nutro paixão por escrever sobre vivências, situações e histórias de vida. o pilar mínimo do bom jornalismo diz que precisamos questionar tudo e dar voz a todos os lados. escrevo porque anteontem, depois de dois dias de apuração, fiz uma matéria que contou a história de agressão, segundo POLÍCIA E TESTEMUNHAS, vivida por uma adolescente e sua mãe. neste caso, tendo como algoz um cantor de rap conhecido na cena de salvador - namorado da adolescente. fui atrás de TODOS os envolvidos, pois, em quase três anos trabalhando num jornal, vejo como necessário ter responsabilidade com TUDO o que noticiamos. tornei pública a matéria depois que tive todas as versões. um caso de agressão contra DUAS MULHERES tem, sim, que virar notícia. fiz o que qualquer outro jornalista minimamente comprometido teria feito. a matéria foi ao ar ontem cedo e, pouco depois, recebi mensagens - todas enviadas por perfis fakes - em tons de intimidação. medida legais já foram tomadas. essas pessoas, uns covardes misóginos, diga-se de passagem, me acusam de ter estragado a carreira do cantor em questão. como se eu tivesse CRIADO fotos, inventado depoimentos e ocorrências. gente, eu não estraguei a carreira de ninguém. se alguma carreira foi estragada, irrefutavelmente, não fui eu quem fez isso. me sinto verdadeiramente em paz comigo, enquanto jornalista e mulher. o fato da adolescente ter desmentido as próprias ocorrências não é um problema meu. não estou aqui no papel de julgar ninguém, menos ainda uma menina que talvez não tenha discernimento suficiente para agir neste tipo de situação. agradeço às dezenas de pessoas, inclusive da cena do rap, que mandaram mensagens de apoio. amigos, conhecidos e desconhecidos, muito obrigada. fiz APENAS o meu trabalho. quem me conhece sabe o quanto lamentei que este CRIME tenha envolvido um músico do rap, cuja cultura prega algo tão distante de VIOLÊNCIA gratuita. às meninas, feministas e não feministas, que enxergaram a matéria com bons olhos e reiteraram a importância da denúncia, meu muito obrigada. é por todas nós. no mais, amor e prosperidade a todxs. always #nãopassarão #nãonoscalarão #love #fem #pride

Tailane Muniz é jornalista.

Texto originalmente publicado no Instagram e replicado com autorização da autora