Um mulherão, feminismo negro e tragédia greco-baiana

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  • Flavia Azevedo

Publicado em 6 de julho de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A atriz, cantora e performer Márcia Limma protagoniza o espetáculo Medeia Negra, que estreia em agosto (Foto:Adeloyá Magnini/divulgação)  Dessa vez,  Medeia vem de outro jeito. Uma versão baiana estreia mês que vem e, nela, a personagem grega, que mata os próprios filhos, ganha um outro olhar e sentido para esse crime perturbador. Construída a partir das vivências de mulheres encarceradas, envolta no feminismo negro e encarnada num corpo “imperfeito e bárbaro”, a Medeia Negra é criada e encenada por Márcia Limma. A atriz é também cantora, performer, produtora, mestranda em Artes Cênicas e membro do grupo Vilavox há 17 anos.

Márcia nasceu no bairro de Pituaçu, em Salvador. Filha de uma empregada doméstica, conheceu o mundo levada pelo teatro, seu ofício e paixão. Tudo permeado pelo desejo simples e de, ainda, difícil realização: “Viver tranquila com meu corpo e negritude sem ter que pensar sempre a melhor forma de não ser agredida por ser uma mulher negra”. Daí, uma narrativa, um olhar que tem na releitura do clássico de Eurípedes uma das suas materializações.

O encontro da atriz com Medeia foi em 2009. Desde então, o amadurecimento da percepção da personagem veio junto com as reflexões sobre o lugar do feminino em nossa sociedade. O machismo, o racismo e o sexismo enlouquecem mulheres, é esse o olhar. Ao longo do tempo, Márcia conclui que, sob esse prisma, é possível perceber uma Medeia além da infanticida ferida pela traição.

Um trabalho no presídio feminino, coordenado pela professora Dra. Denise Carrascosa, faz parte da construção do espetáculo. Em uma série de encontros, mulheres presas escreveram “cartas para Medeia”, com as quais a atriz estabelece um diálogo. Diversas versões de crimes, o olhar profundo sobre as motivações de mulheres encarceradas. O resultado é o corpo de uma mulher negra em cena, representando a libertação de prisões emocionais que, muitas vezes, nos levam à prisão física. Não são poucas as vezes em que somos vítimas do machismo incorporado, guiando nossos atos.

Medeia Negra é a versão feminina e negra dessa história. Uma outra narrativa. Um olhar que propõe a responsabilidade de todas as mulheres pela libertação de cada uma de nós. É, sobretudo, um convite desse mulherão ao envolvimento e conexão entre fêmeas, à retomada da nossa saúde emocional e ao reencontro com o poder feminino ancestral que pode nos libertar. FICHA TÉCNICA

Espetáculo: Medeia Negra

Data de estreia: 17/8, às 19h

Local: Teatro Gregório de Matos (Praça Castro Alves)

Direção:Tânia Farias

Assistente de Direção: Gordo Neto

Dramaturgia: Márcio Marciano e Daniel Arcades

Direção Musical e Execução: Roberto Brito

Cenografia e Adereços: Márcia Limma

Coordenação de Produção: Vitor Barreto

Produção Executiva: Ramona Gayão

Assistência de Produção: Joker Guiguio

Produção Artística: Bruno Guimarães

Figurino e Visagismo: Rino Carvalho

Assistente de Figurino: Angélica Paixão

Luz: Nando Zâmbia

Assistência em Iluminação e operação: Milena Pitombo

Operação de Som: Ivo Conceição

Preparação Vocal: Marcelo Jardim

Desenho de Canto e ação vocal: Márcia Limma

Assessoria de Comunicação: Mônica Santana

Design Gráfico: Caio Sá Telles

Fotografia: Adeloyá Magnoni

Colaboradores: Denise Carrascosa, Luciany Aparecida, Ronaldo Magalhães, Camila Guilera, Antônio Pita, Meran Vargens, Fabíola Nânsure, Diana Ramos, Joker Guiguio, Débora Moreira, Tânia Bispo. O Vilavox é Bruno Guimarães, Diana Ramos, Fred Alvin, Gordo Neto, Joker Guiguio, Márcia Limma e Vitor Barreto.