Um novo Enem para um novo público

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Publicado em 4 de julho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

Nascidos entre os anos 1992 e 2010, a Geração Z vive conectada. A rapidez com que esses jovens se apropriam das inovações tecnológicas e sua natural aversão a tudo que lhes pareça “analógico demais” são fatores que, nos últimos anos, forçaram educadores a pensar metodologias de ensino mais atrativas.

Da mesma forma, os processos seletivos para o ensino superior também precisam ser atualizados. A tendência é de que as instituições adotem recursos tecnológicos e ofereçam outras comodidades na intenção de tornar o vestibular mais adequado à realidade atual, alcançando e engajando uma parcela cada vez maior entre os possíveis candidatos. Na Rede FTC, temos o vestibular agendado que permite uma maior flexibilidade de horários, sem abrir mão da qualidade ou da seriedade do processo.

A proposta é a  de que, até 2026, o Enem se torne um processo seletivo digital e agendado me  parece, inicialmente, uma ideia muito boa. O estudante se sentirá mais próximo do processo, o que é incrível, mas ele também precisa sentir confiança na instituição. Desde que a notícia foi divulgada, passou-se a debater possíveis vazamentos. Mas a partir da minha experiência, entendo que a automação fortalece a segurança ao reduzir o número de intermediários envolvidos nos processos de impressão, envelopamento, distribuição dos materiais etc.

A versão digital do Enem também vai garantir uma correção mais rápida e ainda possibilita a inserção de outros formatos que não a dupla texto e imagem. Poderemos ter, por exemplo, vídeos e infográficos integrando os enunciados das questões. As desvantagens, por outro lado, só serão sentidas depois da aplicação dos testes, em 2020. Só na prática poderemos entender questões que, por hora, parecem problemáticas, como o aumento no custo do Exame.

O que temos de certo, agora, é que a aplicação da prova digital irá demandar investimentos na capacitação de professores e estudantes. Este novo Enem vai exigir que as escolas trabalhem com seus alunos o uso da tecnologia como efetivo recurso de aprendizagem, diferente do uso informal que praticam hoje. Inclusive, essa transformação vai exigir que o próprio governo invista em capacitação para os educadores e aquisição de equipamentos e laboratórios na rede pública. E tais exigências, ao meu ver, são muito positivas.

Ao fim, enxergo esse passo de modernizar o Enem como algo natural, necessário e com potencial gigante de movimentar a educação como um todo. Para tanto, precisamos que dois valores do Enem tradicional sejam mantidos: o amplo acesso em todas as camadas da população e a idoneidade do processo seletivo.

*Lyane Soares é pedagoga e mestre em Educação. É Gestora da Regulação e Avaliação da Rede FTC