Um olhar seguro sobre o patrimônio: PMs do Pelourinho fazem curso de fotografia

Fotos tiradas por policiais serão expostas em museu nesta quinta (1º)

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  • Gabriel Moura

Publicado em 31 de julho de 2019 às 19:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/Fernando Barbosa

O capitão Jonatas Leal do Nascimento passou 11 dos seus 40 anos de vida visitando quase que diariamente o Pelourinho, onde atua no policiamento. Apesar de estar habituado com a paisagem de seu local de trabalho, a visão do PM sobre o Centro Histórico mudou nos últimos dois dias (29 e 30), após realizar o curso de fotografia cujo tema foi ”Segurança Pública: um olhar sobre o Patrimônio Cultural”. 

Em 16 horas de aulas gratuitas, nas quais trocou as armas e cacetetes por câmeras e lentes, o policial estudou não só a parte teórica da fotografia, como luz e diafragma, mas, principalmente, desenvolveu um novo olhar para o Pelourinho, a partir do entendimento de sua importância histórica.

Jonatas aprendeu o que é patrimônio histórico e o mais importante: a grande relevância do policial para a sua proteção.“Nós passamos a valorizar mais o local a partir do momento que conhecemos a riqueza do patrimônio histórico de Salvador, que é visitado por turistas de todo o mundo. Uma vez se identificando com o lugar em que você trabalha, é possível prestar um melhor serviço", observou.Para Jonatas, ele e os colegas de trabalho estão "inseridos no local onde foi o berço do Brasil". "Com o curso, foi possível conhecê-lo melhor, ampliando a nossa visão sobre ele, e, desta maneira, compreendendo a nossa importância em sua preservação”, completou o capitão.

Onze policiais que atuam no Centro Histórico participaram do curso, que foi organizado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (Ipac).

A tenente Ana Cristina Santana, 40, que também participou das aulas, conta que sempre foi uma grande fã do Pelourinho, mas passou a amá-lo mais ainda após o conhecimento adquirido nas lições.

“O Pelourinho parece que é um lugar mágico. Eu sempre observava como as pessoas, principalmente os turistas, parecem que são transportadas para o passado quando o visitam. Aprender mais ainda sobre o Centro Histórico me motivou mais a trabalhar aqui e garantir a segurança do local, para que, desta maneira, mais pessoas venham conhecer essa beleza”, conta Ana Cristina.

E o curso não despertou apenas a consciência histórica na policial, mas também o interesse pela fotografia. “Antes eu só fazia aquelas fotos do cotidiano, de família e amigos. Agora eu desenvolvi um olhar artístico e quando vou fotografar algo sempre vejo o objeto antes, observo o ângulo e escolho a melhor luz para o retrato ficar lindo”. 

Novas edições A recepção positiva dos PMs anima Daiana Sacramento, coordenadora do projeto, que já está planejando novas turmas. Ela tem planos de, inclusive, ter aulas abertas à população em geral. Mas o que a deixou feliz mesmo foi ver as fotos tiradas pelos alunos durante as aulas práticas."Eles saíram da sala de aula e foram para o Pelourinho com a missão de fotografar o local a partir de sua visão como agente de segurança. Os policiais tiraram fotos daquilo que entendiam como patrimônio cultural", comentou."Tiveram retratos lindos de pessoas, locais e objetos, sempre partindo do olhar deles. Tiveram várias fotografias de coisas que representavam a Polícia Militar em si, também", emendou a coordenadora. Foto: Divulgação/Fernando Barbosa Fotografia de patrimônio As aulas foram focadas num tipo específico de fotografia: a de patrimônio. Por isso, foi importante não falar apenas de questões técnicas de câmeras fotográficas, mas também abordar temas históricos. O professor Fernando Barbosa, que ministrou as aulas, explica como funciona o trabalho deste tipo de fotógrafo.

“Quando se vai fotografar um casamento, por exemplo, o foco é, principalmente, a questão estética dos retratos. Já no caso de um fotógrafo de patrimônio, são levados em conta outros parâmetros. O profissional sempre vai acompanhado de historiadores e geógrafos, por exemplo, que elaboram um parecer e, desta maneira, é feita a foto, que ocorre sempre de maneira mais técnica”, delimita. Foto: Divulgação/Fernando Barbosa Exposição As fotos tiradas pelos alunos do curso poderão ser visitadas gratuitamente pelo público durante uma exposição que será realizada nesta quinta-feira (1º), às 15h, no Museu Tempostal, localizado no Pelourinho.

Cada policial poderá expor até 3 registros fotográficos feitos por ele. Além disso, os visitantes poderão votar nos retratos que mais gostaram e os dois preferidos da maioria receberão como prêmio um kit com 9 livros publicados pelo Ipac.

Serviço O quê: Exposição de fotos dos alunos do curso ”Segurança Pública: um olhar sobre o Patrimônio Cultural” Quando: Quinta-feira (1), às 15 horas. Onde: Museu Tempostal, R. Gregório de Matos, 33 - Pelourinho. Quanto: Gratuíto *Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier