Um pontinho blues no mapa das paixões

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  • Kátia Borges

Publicado em 22 de setembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Eu sou uma pessoa bastante comum. Mas, tenho, cá comigo, uma ou outra mania como todo mundo. Por exemplo, mantenho uma fidelidade canina aos meus amores da infância. De tal modo, que muitos me localizam no mapa de seus afetos pela constância das grandes minhas paixões. Janis Joplin é uma delas.

Vez em quando, alguém lembra de mim com carinho, ao ver algo relacionado a ela. Foi assim que ganhei, ao longo dos anos, vinis, livros, vídeos, camisetas e até um belíssimo imã de geladeira. Também assisti, em primeira mão, trechos do documentário inédito de Henrique Dantas sobre Janis na Bahia.

Só de biografias, tenho três. A primeira delas me acompanha desde a adolescência, Buried Alive, de Myra Friedman, que no Brasil ganhou tradução literal, Enterrada Viva. Na verdade, o título foi pinçado do álbum Pearl. A faixa Buried Alive in the Blues ficou por gravar, resta apenas o instrumental no derradeiro disco.

A segunda veio de São Paulo, enviada por um amigo querido. Me pegou de surpresa, porque havíamos perdido o contato, e o pacote chegou na portaria do jornal onde eu trabalhava na época. Era o livro de Alice Echols, Scars of sweet Paradise, lançado pela editora Global como “Uma vida, uma época”. A terceira ganhei de uma aluna – Love, Janis –, de Laura Joplin. Foi a base de um documentário e do longa.

Fiquei na fissura de fazer essa reportagem, sobre Janis na Bahia, durante anos, confesso. Cheguei a entrevistar o artista plástico Gilson Rodrigues e a atriz Nilda Spencer. Dia desses, dei de cara com as minhas anotações. Bateu saudade deles. Foi a filha de Nilda, Judy Spencer, amiga de Janis, a autora do convite para que ela viesse ao Brasil.

A fissura era tanta que fui até a Aldeia Hippie, em Arembepe, atrás de uma moça que teria trabalhado para Janis na época. Foi bem engraçado, e trágico. A tal moça era então uma senhora bastante sequelada pelo uso de álcool e drogas, uma fonte absolutamente inconsistente, porque seus relatos eram os mais loucos e desencontrados. Não havia como checar a veracidade deles.

Não sei bem por que acabei engavetando esse projeto. Talvez ele pedisse de mim mais do que eu poderia oferecer naquele momento. Talvez ainda não fosse o momento de revirar o meu baú de guardados e misturar ao trajeto de Janis, porque sempre colocamos nos relatos um tanto de nós mesmos.

Mas o fato é que o jornalista Osmar Martins fez uma matéria incrível sobre a passagem de Janis pela Bahia. Poucos depois, Daniel Rocha e Ronaldo Bressane também cravaram uma reportagem maravilhosa, repleta de fotos inéditas, feitas por Ricky Ferreira, que mostram Joplin em Copacabana, muito embora eu ainda prefira as imagens dela na Praia do Buracão.