Uma nova Revolução Industrial está em curso na Bahia

No dia dedicado à indústria, conheça oportunidades, benefícios e desafios do setor para implementar o modelo 4.0

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  • Murilo Gitel

Publicado em 25 de maio de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Uma nova era do setor industrial encontra-se em curso. Seu nome? Indústria 4.0 (ou Quarta Revolução Industrial). Segundo este conceito, as fábricas são mais inteligentes e eficazes graças a dispositivos interconectados aos processos de manufatura ao longo de toda a cadeia de produção e logística.

Neste Dia da Indústria, comemorado hoje, o CORREIO traça um panorama do setor na Bahia rumo ao futuro. Em um cenário de crise econômica, sobram desafios, mas também oportunidades.

Redução de custos

Segundo levantamento da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a estimativa anual de redução de custos industriais no Brasil, a partir da migração para o conceito 4.0, será de ao menos R$ 73 bilhões/ano. 

O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Ricardo Alban, entende que ainda falta uma cultura sólida e estímulos adequados em nível nacional para a adoção da indústria 4.0. Porém, ele valoriza os avanços já alcançados. “Esse é o caminho para o desenvolvimento, o futuro do país e do estado. Temos feito um enorme esforço nessa direção. Podemos citar, como exemplo, o Senai Cimatec, que é hoje uma referência nacional em pesquisa e inovação. Também estamos implantando o Cimatec industrial e o Instituto de Tecnologia da Saúde (ITS) para estabelecer as bases para uma nova matriz industrial na Bahia”, destaca.

Para ele, há a necessidade de que outros agentes - governos, órgãos de fomento e academia - participem da construção de um ambiente mais acolhedor à pesquisa e inovação na Bahia. 

Modelo

Uma semente voltada à quarta revolução industrial no estado foi plantada há cerca de quatro anos, quando a Fábrica Modelo 4.0 foi inaugurada no Senai Cimatec, em Salvador. A estrutura, que teve investimento de R$ 4 milhões, foi criada em parceria com a empresa de consultoria americana McKinsey Company, a fim de elevar a produtividade das indústrias brasileiras a partir da difusão dos conceitos de “manufatura enxuta” (lean manufacturing).

“Essa Fábrica Modelo, a primeira da América Latina, conta com soluções de realidades aumentada e virtual e tecnologias muito modernas aplicadas a melhorias do processo produtivo”, explica o diretor adjunto do Senai Cimatec, Luis Breda.

O espaço - sob um conceito inovador de treinamento, capacitação e transformação produtiva - propicia que empresas industriais evitem desperdícios e elevem a eficiência.

BAHIA PRECISA RETER TALENTOS

Galgar os degraus rumo à indústria do futuro também requer a capacitação da juventude baiana. “Os jovens criativos, inventivos e capazes da nossa terra não deveriam ter de sair do estado para inovar, empreender e progredir”, defende Alban.

Ele se refere a jovens como a estudante Yasmin Thasla Ferreira, 18 anos, que tinha apenas 14 anos quando conheceu a robótica na escola. Yasmin quebrou um paradigma e vai embarcar para os Estados Unidos (Foto: Divulgação) Aluna aplicada, Yasmin logo foi convidada a integrar um dos times da Escola Sesi Djalma Pessoa, de Salvador. Em 2017, ela se tornou a primeira garota da escola a defender uma equipe na disputa de robôs em um torneio regional na Bahia. “Minha equipe conseguiu uma das melhores pontuações na disputa de mesa”, lembra Yasmim, que quebrava ali uma hegemonia e uma concepção de que só menino gosta de programação.

Em julho, ela embarcará para o Estados Unidos, onde passará dez dias em um programa de Verão de uma universidade do Vale do Silício, centro mundial da inovação e onde estão sedes de empresas como Apple e Google.

“Esta experiência vai agregar muito à minha vida profissional e é uma oportunidade de conhecer pessoas do mundo todo. Vai também ajudar a melhorar minha comunicação em inglês”, projeta a jovem, que poderá visitar grandes companhias como a Amazon, além de conhecer tecnologias em realidade aumentada, que são de seu interesse.

Para conseguir uma das 30 vagas da viagem, ela teve que concorrer com mais de 10 mil estudantes do mundo inteiro.

REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS

1780 - Primeira Revolução Industrial  Aprimoramento das máquinas a vapor, criação do tear mecânico.

1870 - Segunda Revolução Industrial   Utilização do aço, da energia elétrica, motores elétricos e combustíveis fósseis derivados do petróleo.

1970 - Terceira Revolução Industrial   Avanço da eletrônica, sistemas computadorizados e robóticos para manufatura.

Hoje - Quarta Revolução Industrial   Sistemas cyber-físicos, Internet das Coisas e processos de manufatura descentralizados.