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Da Redação
Publicado em 1 de julho de 2020 às 18:00
- Atualizado há um ano
- Meu filho, quando você nasceu a rua estava toda enfeitada de bandeirolas para a sua chegada.
Assim brincava minha mãe com o fato de que morávamos numa rua chamada 2 de Julho, numa cidadezinha do Recôncavo, quando ela me deu à luz no dia anterior às comemorações da Independência da Bahia.
Homônima de altiva data, a ruazinha expandia os folguedos juninos até o início de julho cheia de razão, e assim, com um dia de vida apenas, já me encontrava imerso no caldeirão de orgulho dos baianos, e ouvia – suponho - ecoar em loas e fogos de artifício, o brio de uma nação.
Com tal recepção e o suposto reforço do envolvimento nos festejos locais nos anos por vir, era de se esperar que fosse eu dos mais entusiastas pelo feito histórico dos nossos antepassados, e não menos de suas comemorações. Entretanto, quis o pregador oficial de peças da vida, a quem chamam destino, que nos mudássemos da cidade antes mesmo que me acendessem aprimeira velinha de bolo. Nem cheguei a saber se as bandeirolas eram em verde e amarelo, ou em azul, vermelho e branco. Hoje, peripécias do destino devidamente subjugadas, e após décadas de verdadeiro fascínio ante a bravura de Maria Quitéria, Joana Angélica, Maria Felipa, do “Caboclo” e da “Cabocla”, dos soldados da Batalha de Pirajá, e mesmo do mercenário Labatut, pouco importam para mim as cores dos ornamentos que não cheguei a conferir.
A menos que estas tivessem sido todas as cinco citadas, como a representar em lúdica e autêntica simbiose patriótica, a reconhecida libertação e independência do inteiro povo de um país, e não “apenas" de parte dele, muito embora esta parte - nossa valorosa Bahia que jamais fugirá à luta - seja de fato a deliciosa e incomparável síntese do que se convencionou chamar de povo.
Salve a Bahia! Salve o 2 de Julho!
*Ary Freire, que completa 56 anos neste 1º de julho, é servidor público estadual