Unidade de Acolhimento é inaugurada na Cidade Baixa

Espaço acolhe até 25 casais sem filhos e em condição de rua

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  • Eduardo Dias

Publicado em 18 de setembro de 2019 às 18:34

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Max Haack/Secom

De casamento marcado para o próximo mês, o ex-acolhido da Unidade de Acolhimento Institucional (UAI) dos Barris e hoje educador social da unidade da Ribeira, Wamberto Souza, de 48 anos, foi o primeiro a conseguir essa condição.

Ele, que hoje mora na Ribeira, veio de Teresópolis (RJ) para morar em Salvador, onde ficou cerca de um ano em condição situação de rua e extrema vulnerabilidade social. Foi na UAI, inclusive, que ele conheceu sua companheira e teve a oportunidade de se reintegrar à sociedade. (Foto: Eduardo Dias/CORREIO) “Eu aprendi muito convivendo dentro de uma instituição de acolhimento. Hoje eu sou um educador social e, ao mesmo tempo, um acolhido. Consigo reconhecer as necessidades deles. Essas pessoas não precisam apenas de um auxílio aluguel, precisam de uma oportunidade, de um trabalho para que sejam reconhecidos, para que possam ser reintegrados à sociedade. Hoje vejo que me tornei uma influência para outras pessoas. Se eu consegui, outros também poderão fazer o mesmo. Pretendo me casar oficialmente no mês de outubro”, contou.

A UAI da Ribeira, que Wamberto passou a integrar como membro da equipe de educadores sociais, foi inaugurada pelo prefeito ACM Neto na tarde desta quarta-feira (18), na Rua Visconde de Caravelas, na Cidade Baixa.

Durante a solenidade, também estiveram presentes o vice-prefeito Bruno Reis; a secretária de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre), Ana Paula Matos; a presidente da Associação Pleno Cidadão (Aspec), Conceição Pinto; e demais lideranças.

A UAI da Ribeira é a 10ª inaugurada pela prefeitura e, como em algumas outras espalhadas pela cidade, terá atendimento exclusivo para casais sem filhos. Serão 25 cômodos voltados para 50 pessoas, com direito a ventilador em cada quarto e um kit básico de higiene para cada acolhido, além de ofertar espaço para dormir, todas as refeições do dia, acompanhamento médico e social. (Foto: Maz Haack/Secom) Para Neto, as unidades são muito importantes, pois tratam de um problema social enfrentado pela prefeitura que, segundo ele, está cada vez mais investindo em assistência e promoção social.

Já são R$65 milhões de investimentos, segundo ele. “É uma bola de neve que, se não é interrompida, não é corrigida e acaba se transformando num problema social cada vez mais amplo. Só não enxerga quem não quer, e eu lamento que muitas autoridades do nosso país não enxerguem isso. Precisamos ter um conjunto de políticas que nos permitam dar um passo adiante. Esse é um projeto de reinclusão social, de reinserção na comunidade com a garantia de um espaço no mercado de trabalho”, afirmou.  

O prefeito assegurou ainda que os beneficiários das UAIs que passarem pelo acolhimento terão qualificação profissional e uma quantidade reservada de vagas nas contratações feitas pelo município.

Com a administração a cargo da Sempre, a titular da pasta revelou que outras quatro unidades do tipo serão inauguradas nos próximos 90 dias.

"Muitos desses casais constroem seus vínculos nas ruas e nós abrimos esse espaço para que possam ter onde ficar. Assim como Wamberto, que é um exemplo, queremos fortalecer as unidades para que surjam novos ex-acolhidos que sejam inseridos no mercado de trabalho. Não temos um prazo fixo, mas trabalhamos com uma expectativa de três a seis meses, prazo em que possam conseguir autonomia e até benefícios como aluguel social, conseguindo se mudar para as próprias residências", declarou Ana Paula. 

A administração da UAI da Ribeira será dividia entre a Sempre e o Aspec, que já auxilia em outras três unidades como a da Boca do Rio, Pituaçu e outra na Ribeira.

“Pretendemos trazer de volta a dignidade dessas pessoas. É um trabalho feito com qualidade, profissionalismo e humanização, o propósito é fazer com que esses moradores em situação de rua revejam suas vidas e mostrem um interesse em retomar as suas vidas na cidade”, afirmou a presidente da Aspec.

Como ter acesso Quem está em situação de rua e busca acolhimento em uma das UAIs da Cidade Alta, deve procurar um dos Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centro Pop) da prefeitura.

Hoje, é no Centro onde está identificada a maior quantidade de pessoas em vulnerabilidade social.

Como cada UAI tem um perfil de acolhimento (homens, mulheres, casais e casais com filhos), após receberem atendimento, os acolhidos são encaminhamentos para uma UAI específica.

Levantamento Um levantamento do número total de pessoas em situação de rua em Salvador está sendo realizado através de uma parceria entre a Prefeitura e o Projeto Axé. Serão elaborados mapeamento, contagem e estimativa da população em situação de rua na capital baiana, com foco específico em pessoas que utilizam os espaços públicos como moradia. Por enquanto, a Prefeitura trabalha com uma estimativa entre 4,5 mil a 14 mil pessoas em situação de rua.

A UAI da Ribeira, assim como as outras nove unidades, dispõem de equipes multidisciplinares que trabalham 24 horas realizando ações de resgate da autoestima e reinserção de pessoas em situação de rua junto às famílias e ao mercado de trabalho.

Entre os profissionais que trabalham nas UAIs estão psicólogos, assistentes sociais, educadores sociais, entre outros. 

* Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro