Universidade na Bahia coloca programa espião em notebooks para alunos

Alunos da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) relataram que notebooks emprestados têm software que grava áudio, além de armazenar dados

Publicado em 23 de outubro de 2020 às 18:31

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: UFSB/Divulgação

Após a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) emprestar notebooks para estudantes realizarem as aulas neste momento de pandemia, alguns deles denunciaram nesta quarta-feira (21) que as máquinas estão com um software espião.

A denúncia foi feita pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSB, que alertou para a presença do programa KidLogger em mais de um notebook. Em um vídeo publicado nas redes sociais, uma integrante do DCE explicou que o software foi encontrado por um aluno e sugeriu que, quem encontrasse o programa, registrasse um Boletim de Ocorrência e uma denúncia junto à ouvidoria da universidade.

O programa encontrado nos aparelhos se chama KidLogger e é um software para pais acompanharem o que seus filhos estão fazendo na internet. Na versão gratuita, o programa promete registrar a atividade no PC por um período de nove dias, o que inclui gravar sons emitidos próximos ao microfone do dispositivo, além de armazenar dados como histórico de navegação, teclas digitadas, capturas de telas e programas mais usados.

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Em seu site, o KeyLogger afirma que permite a vigilância remota de dispositivos e apresenta o que seria um painel para o monitoramento. O programa destaca que também é útil para empresas vigiarem a atividade de funcionários e anuncia que sua versão para Android consegue tirar fotos e enviá-las para terceiros sem o usuário saber.

O que diz a universidadeApós os relatos dos estudantes, a Pró-Reitoria de Tecnologia da Informação e Comunicação e a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas da UFSB afirmaram que estão cientes das denúncias e estão analisando o caso. Em nota, elas afirmaram ter realizado na quinta-feira (22) uma reunião com representação do DCE e alguns dos estudantes que relataram o problema.

“A Administração esclarece que respeita a privacidade de seus acadêmicos e que não adota nenhum mecanismo que fira esse direito. Os encaminhamentos imediatos são o recolhimento e análise de algumas das máquinas afetadas para investigar como esse aplicativo foi instalado, e para definir procedimento que garanta a salvaguarda de informações para os estudantes cujas máquinas apresentem esse problema e a desinstalação completa e segura do aplicativo de monitoramento”, indica a nota.

Nesta sexta-feira (23), a instituição abriu uma comissão de sindicância para investigar a situação. Ainda de acordo com o comunicado, os estudantes que disponibilizarem para análise os notebooks emprestados pela universidade terão outros aparelhos fornecidos por meio de empréstimo para seguirem participando das aulas à distância.