Uso de terras para agricultura cresce em 87,3% entre 2000 e 2018 na Bahia

Ampliação da atividade agrícola no Oeste foi a chave para expansão

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  • Wendel de Novais

Publicado em 18 de março de 2021 às 06:30

- Atualizado há um ano

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Se tem terra, tem que ter plantio. É assim que os produtores agrícolas baianos têm pensado nas duas últimas décadas. Ao menos, é o que indica o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a Análise Estadual da Evolução de Uso e Cobertura do Território feita pelo instituto, entre 2000 e 2018, houve um crescimento de 87,3% da área agrícola baiana, fazendo a cobertura da produção em terras subir de 16.808 para 31.490 km². 

Na região Nordeste, a Bahia foi o estado que mais expandiu a sua área. Já em comparação com todo o território nacional, foi o sexto estado que mais ampliou o uso de terras em termos absolutos, atrás de Mato Grosso, São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Apesar de quase ter dobrado a área disponível para a produção agrícola, a Bahia está longe de ser um dos estados com mais terras para a agricultura proporcionalmente. O monitoramento de cobertura agrícola mostra que 5,6% do território baiano foi utilizado com essa finalidade em 2018, ocupando a 12ª colocação do ranking nacional, que é liderado por São Paulo, que tem 40,8% das suas terras para este fim. Isto, no entanto, não impede que o crescimento seja uma notícia positiva para a economia estadual, que tem 25% do seu Produto Interno Bruto (PIB) vinculado ao agronegócio, e regional, no caso do Oeste do estado, que foi quem puxou para cima o uso de terras para fins agrícolas e viu sua economia crescer através da produção e do escoamento de grãos e da geração de empregos. Bahia foi sexto estado que mais expandiu área de produção agrícola (Foto: Reprodução/Divulgação) Disparada As mudanças que chegaram no Oeste ao longo dos 18 anos de crescimento da produção são destacadas por quem viu de perto tudo acontecer. Paulo Schmidt, produtor de soja que vive na região há 40 anos e mora em Luís Eduardo Magalhães, afirma que a qualidade de vida do oeste hoje é superior ao período anterior a esta ampliação."Se você comparar o interior da Bahia que tem o agro com o que não tem, geração de emprego, economia, educação, tudo é melhor onde existe a produção agrícola. Você pega Luís Eduardo Magalhães e o Oeste como um todo e vê que a qualidade de vida de hoje é muito melhor do que nos anos 80, quando o agro ainda não tinha toda essa força", conta o produtor. Paulo, ao lado da filha na imagem, afirma que crescimento da agricultura mudou qualidade de vida no Oeste (Foto: Reprodução/Acervo Pessoal) De acordo com Mariana Viveiros, supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, a expansão da fronteira agrícola, sobretudo no Oeste, tem sim um impacto positivo na economia da região. Para ela, o avanço visto por lá é muito por conta da inserção da região no ‘Matopiba’, grupo composto por regiões de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que ampliaram a fronteira da produção agrícola para investir em grãos, gerando produtos com um valor alto de mercado. 

"Essa questão tem um impacto positivo, principalmente, para a região Oeste porque além de estar na área da Matopiba, ao passo que essa área de produção se expandiu, houve um investimento direto em grãos, que são produtos valorizados, que geram um valor alto para a economia e têm influência direta nos ganhos e na geração de renda e emprego", explica Mariana, que destaca Luís Eduardo Magalhães, Barreiras, São Desidério e Formosa do Rio Preto como os principais municípios impactados por esse crescimento.

O avanço citado por Paulo Schmidt e confirmado por Mariana é fruto de um movimento de adaptação dos produtores que passaram a investir em grãos, como soja, milho, feijão, arroz e algodão, o que deu certo, cresceu e impactou diretamente na economia e no modo de produção do Oeste. 

Segundo Schmidt, hoje, a produção agrícola é conduzida com investimento e maquinário de primeiro nível. "Tudo isso gerou empregos e riquezas para a nossa região. Hoje, o produtor daqui busca constantemente uma melhora no agro. O nível tecnológico da nossa produção é tão grande quanto qualquer lugar do mundo. O algodão produzido aqui é tão bom quanto o americano, o australiano. Nossa tecnologia compete em igualdade com qualquer lugar do mundo", afirma. Secretário Lucas Costa afirma que crescimento é bom para toda a Bahia (Foto: Reprodução/Divulgação) Impacto estadual E não é só o Oeste que cresce com o aumento da cobertura de terras pela produção agrícola na Bahia. Isso porque o agronegócio é o maior setor da economia baiana e é responsável por 51% das exportações estaduais, garante Lucas Costa, secretário de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri). 

"Não tenha dúvida de que o crescimento é de suma importância para a Bahia. O setor emprega, hoje, um terço dos baianos. Então, é uma atividade que está em todo lugar e que, quanto mais cresce, mais se ganha para os produtores, para quem se emprega nesse crescimento e para o estado em geração de renda".

Bernardino Santos, produtor de hortaliças e milho em Jaguaquara, no Sul da Bahia, vibra com o crescimento do setor e afirma que a expansão da agricultura no estado só tem a acrescentar para os que já estão no ramo e para a população em geral. "O agronegócio é permanente. Mesmo na pandemia, não parou como outros setores porque tem uma demanda que não para. Para nós, é positivo demais que a produção tenha aumentado. Aqui, já tinha banana e cacau. O povo chegou e fez soja, milho e feijão, que tem prosperado. Fora isso, tem quem produz frutas. Isso tudo junto gera muito emprego, gera renda e movimenta as outras áreas, o que resulta em um ganho coletivo", salienta Bernardino.Para Pedro Marques, técnico da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), o agronegócio tem papel fundamental no PIB. "É para considerar o crescimento das áreas de produção como um fenômeno positivo. Em termos comparativos, esse é um dado positivo. Por estar dentro do agronegócio, que é parte importante do PIB do estado, o crescimento em proporção é algo significativo e relevante para a economia do estado", diz.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro