Vale a Copa do bicentenário da liberdade

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  • Paulo Leandro

Publicado em 30 de março de 2022 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Está em disputa o título de Campeão do Bicentenário da Independência do Brasil, oficialmente datada de 1822, embora a libertação só tenha sido garantida nas batalhas do Recôncavo, no Alto do Cabrito e em Pirajá, no ano seguinte. Estamos cem anos depois de o Botafogo do ponta Manteiga sagrar-se Campeão do Centenário ao golear o Ypiranga em 1922.

Atlético, Bahia, Jacuipense ou Barcelona, um destes quatro erguerá a Taça Independência, cujo sentido possível é honrar a memória daqueles heróis capazes de acabar com a mamata lusitana. Os gajos espertinhos deram no pé sem devolver as toneladas de ouro, madeira de lei, riquezas várias, além do sequestro das belas índias encontradas à fartura, depiladinhas e “disponíveis”.

Nesta noite de definição dos finalistas, a começar por volta das 7, o Carcará recebe a visita do time cangaceiro, representando o Bahia de Feira o gênio militar de capitão Virgulino, hoje presente na arte dos embornais, bolsas para levar utensílios e ferramentas a tiracolo, costuradas em Salvador por Indaiá Santos, neta de Dadá e Corisco.

O Atlético tem no banco o professor Agnaldo Liz, grande zagueiro de um eterno Vitória. Manda o jogo o Carcará em seu belo ninho Antônio Carneiro, dotado de uma liga de futebol de mesa em suas dependências, detalhe poético de distinção sublime para quem cultiva o bom convívio desportivo.

Convém lembrar da regra dos fenômenos, segundo a qual, “o ser é sempre e necessariamente maior em relação à aparência”, então todo cuidado com a dupla Deon-Diones, acostumados a jogar em carpete, onde a bola corre mais, agora tendo de enfrentar um campo vivo feito de grama de verdade com alguns buraquinhos.

Às 9 e meia, tem mais bola quicando ou rolando, a depender do estado da cancha: o Barcelona visita o Jacuipense no estádio Eliel Martins, no confronto de Paulo Sales, bicampeão do Brasil e conhecedor das manhas para subir times da segundona, contra Rodrigo Chagas, outro ídolo para sempre do Vitória, buscando seu lugar no difícil mercado de trabalho de docente da bola.

O Jacuipense cozinha seu feijãozinho com arroz ali atrás, trocando passes indefinidamente, “valorizando a posse de bola”, como dizem os experts (não escrevi “entendidos”), até encontrar aqui ou ali uma brecha para penetração pelas pontas ou uma triangulação rápida a fim de experimentar um chute a gol.

Foi triste o jogo de ida, domingo, é preciso ter misericórdia de quem o editor manda escrever 50 linhas ou no caso de televisão, os responsáveis por selecionar um ou dois lances porque o deserto de criatividade permite repudiar o excesso de ordenamento, jogadores escravos seguindo manuais: o cenário mais editável foi o do estádio ecológico de Conquista, com muita área verde e mato crescendo.

Minha aposta para a decisão do título do Bicentenário da Independência do Brasil é Atlético x Barcelona. O grande campeão baiano não poderá ser outro senão o Barça, em honra ao legado de Johan Cruijff.

P.S.: O ser mora na linguagem, daí peço pararem de chamar salão de “altinho” e banho de cuia de “chapéu” ou “lençol”. Tomem vergonha, cabras, de nomear “chaleira” ou “letra”, o lance no qual se usa o calcanhar, em respeito à Bahia e aos baianos. E viva o Bi da Independência!

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade