Valle de Casablanca, no Chile, tem vinícolas boutique e orgânicos

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Paula Theotonio
  • Paula Theotonio

Publicado em 14 de julho de 2019 às 06:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Resumir o Valle de Casablanca, no Chile, a somente uma região produtora de excelentes brancos seria injusto com sua versatilidade. Localizado a cerca de 75 km de Santiago e a 20 km do Oceano Pacífico, já dentro dos limites de Valparaíso, está um dos territórios mais inventivos de todo o país – quiçá, da América do Sul.

O terroir foi descoberto em 1982 pelo criativo e renomado enólogo Pablo Morandé. “Ele notou que o clima temperado; a ausência de chuvas no verão; a neblina salina da aurora; a amplitude térmica de até 20 graus; a proximidade de 15 a 20 km do mar e os solos graníticos eram especiais. Dariam vinhos com excelente maturação, boa mineralidade e acidez elegante”, conta o sommelier Artur Farias. (Foto: Divulgação) Hoje, com cerca de 5 mil hectares plantados, Casablanca abriga vinícolas de médio porte, como a Casas del Bosque, e se destaca com seus excelentes e curiosos vinhos de autor: aqueles de produção muito limitada, cujo método produtivo está mais conectado às regras da natureza e aos caprichos do enólogo. Em tours especiais, como o Wine Day Casablanca, é possível conhecer num só dia o que há de melhor naquele terreno chileno.

Attilio & Mochi

Após anos atuando no ramo de restauração e importação de bebidas, Ângela Mochi e Marcos Attilio “largaram tudo” no Brasil, compraram um pequeno pedaço de terra em Casablanca e investiram numa produção de vinhos artesanais e orgânicos. Durante o tour, que mais parece um encontro de amigos, Ângela conta que naqueles 2 hectares não há uso de herbicidas ou pesticidas, e toda a colheita e poda são manuais – feitas pelos próprios donos, com ajuda de poucos empregados. Os brasileiros Ângela Mochi e Marcos Attilio (Foto: Divulgação) A irrigação, por sua vez, é bombeada por energia solar e adega, onde estão as barricas de carvalho e tanques de aço, é feita de contentores marítimos reciclados. Ali, brilham os tintos, feitos com as uvas Pinot Noir, Malbec, Cabernet Franc e um Syrah, da marca Tunquen. Há, ainda, o Grenache The First; o Dulce Fuerte, um fortificado estilo do Porto; o Tunquen Sauvignon Blanc e o diferenciado Amber, um vinho laranja feito com as uvas Roussane e Viognier. Ao todo, a produção não ultrapassa as 20 mil garrafas por ano.

Endereço: Ruta F-90 Casablanca, Región de Valparaíso, Chile.

Bodegas RE

É aqui que Pablo Morandé segue fazendo história, desta vez ao lado dos filhos Pablo Morandé Desbordes e Piedad Morandé, criando vinhos ousados. Com acompanhamento do enólogo Raúl Gueren, os visitantes passeiam pelas áreas internas da Bodegas RE, como loja e adega com ânforas gigantes, enquanto degustam esse propósito inventivo da vinícola. (Foto: Divulgação) É mandatório provar o Pinotel, um rosé acobreado elaborado com as uvas Pinot Noir e Moscatel Rosado; o Syragnan, feito a partir da co-fermentação das cepas Syrah e Carignan em ânforas de barro; e o REdoble, um tinto potente elaborado também por co-fermentação, só que de Garnacha e Carignan enxertadas na mesma parreira. A produção total é pequena: são apenas 45 mil garrafas por ano.

Endereço: Camino Lo Ovalle, km. 1, Casablanca.

La Recova

A La Recova é uma vinícola pequena, foi fundada por um brasileiro – David Giacomini – e faz menos de 15 mil vinhos por ano. As semelhanças com a Attilio & Mochi acabam aqui, como explica a sommelière e guia de turismo Judith Ramirez: naqueles 4 hectares orgânicos, distribuídos entre belíssimos morros, reina a Sauvignon Blanc – uva com a qual são produzidos três rótulos especiais. (Foto: Divulgação) O destaque vai para o La Recova D Sauvignon Blanc (92 pontos Descorchados e James Suckling). Ele apresenta um mix interessantíssimo de fruta, mineralidade, acidez e corpo, com 14,5% de álcool. Além da colheita e poda manuais, fazem diferença na sua vinificação os 12 meses de fermentação lenta em tanques de aço inox, a baixas temperaturas. Um branco com potencial de guarda! O rosé da casa, Obstinado, foi inspirado no Valpolicella Ripasso: o mosto fermentado de uvas brancas é “pintado” com as cascas da tinta Syrah por 20 dias – tempo suficiente para dar cor e aquele toque de fruta vermelha dos rosés clássicos.

Endereço: El Estero s/n, Las Dichas, Casablanca.

Casas del Bosque

A Casas del Bosque tem clima de vinícola boutique e pequena, com suas áreas charmosas de receptivo e vinhos de clima frio que são a verdadeira expressão do terroir local. Ao mesmo tempo, abriga o Tanino – um dos 20 melhores restaurantes de vinícola do mundo, segundo a Wine Acess; e produz até 1 milhão de garrafas por ano – dos quais 80% são para exportação. Paradoxos que encantam visitantes nos mínimos detalhes. (Foto: Divulgação) Na bodega, é imprescindível provar o refrescante Casas del Bosque Reserva Sauvignon Blanc – elaborado com uvas de colheita noturna. No WineDay Casablanca, ele é servido em um mirante com vista para os parreirais. Com a acidez mineral típica do Casablanca, traz ainda suaves notas florais e picantes, além de ser leve e cítrico em boca. Na ocasião, o sommelier do Tanino, Lautaro Soto Cossa, serviu ao grupo um Casas del Bosque Reserva Carménère – com taninos médios e leve toque de pimenta preta.

Endereço: Hijuelas Nº 2 Centro Ex Fundo Santa Rosa, Casablanca.

***

Como chegar: é possível ir de carro, mas o mais seguro – devido ao consumo alcoolico – é contratar uma agência de turismo para visitação. O WineDay Casablanca é realizado todas as quartas-feiras, a partir de Santiago, pela 321 Chile. Contato: [email protected] ou +56 9 9243 3971.

Quais vinhos comprar na vinícola: Os artesanais da Attilio & Mochi, que não são exportados para o Brasil; e o La Recova D Sauvignon Blanc, encontrado em poucos e-commerces brasileiros.

Quais vinhos comprar no Brasil: Quaisquer da Casas del Bosque, com ampla distribuição no país. Os vinhos da Bodegas RE são distribuídos em Salvador pela Grand Cru.

*A colunista viajou a convite da 321 Chile.