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Publicado em 14 de janeiro de 2019 às 05:15
- Atualizado há um ano
Vivemos em um mundo em que o corpo magro é endeusado, é bonito, é saúde, e o corpo gordo é considerado aversivo, é feio, é doença. Um olhar reforçado pela indústria da beleza e da estética, que necessita criar padrões para que seus produtos sejam vendidos. Nos empurram diariamente um padrão de tamanho corporal em que não conseguimos nos encaixar, e assim cria-se uma necessidade constante de consumo, à custa da insatisfação corporal que isso gera, a fim de lucrar cada vez mais.
O que ouvimos atualmente com grande frequência, dos que se dizem preocupados com o corpo da pessoa gorda, é que ela precisa emagrecer “por uma questão de saúde”. Podemos observar principalmente nas redes sociais esses comentários, e outros muito mais bárbaros e desumanos nas publicações de muitas famosas, a exemplo da bailarina e digital influencer Thaís Carla. Em seu Instagram, ela dá um show de liberdade corporal, de como é possível fazer o que quiser, porque nosso corpo, independente do tamanho, é livre e capaz de muitas coisas. Ainda assim, as pessoas só veem o externo e destilam ódio ao corpo gordo. Muita gente ainda precisa se libertar dos padrões, praticar mais respeito e empatia e parar com a gordofobia disfarçada de preocupação com a saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Ou seja, apenas a forma corporal de alguém não define se ela é saudável ou se tem qualidade de vida. Ser gordo ou magro é apenas uma característica física, e o número da balança é apenas um número.
Ser gordo não quer dizer que a pessoa não se alimenta bem, que não pratica atividade física regularmente, que não cuida da saúde mental, e que seus exames clínicos não estejam com bons resultados.
Sim, um maior percentual de gordura corporal pode estar associado ao risco aumentado do desenvolvimento de doenças (hipertensão, diabetes etc.), mas o sedentarismo, uma má alimentação, o uso de álcool, tabaco e outras drogas também estão. Existem milhões de pessoas magras com estes maus hábitos e ninguém parece estar preocupado, afinal, elas estão dentro do que todos querem ver, estão aceitos visualmente, são magros, não importa como e por quais meios, e está tudo certo, nada mais importa. Já a pessoa gorda nem precisa falar nada: é doente apenas pela forma física. Está condenada sem ao menos terem considerado seus hábitos de vida e todos os demais fatores que influenciam no tamanho de qualquer ser humano, seja genético, endócrino ou psicológico. E como isso é cruel.
O peso, tamanho ou corpo ideal é o peso, tamanho ou corpo real do indivíduo que cultiva a autoaceitação e o amor próprio, cultiva hábitos saudáveis, está de bem com a vida, com sua saúde e consigo mesmo, física e mentalmente, e a Thaís Carla é um exemplo disso. Além da alienação de um padrão corporal, o fato dela mostrar ao mundo o quanto ela é um ser humano livre incomoda muita gente. Ela não se retrai pelo preconceito, faz o que quer e onde quer com seu corpo, e vem sendo cada dia mais inspiração pra muita gente que vivia se escondendo.
Independente do tamanho, todos têm o direito de ter seu lugar no mundo, ser feliz e realizar seus desejos. Que todo ser humano se deixe contagiar cada vez mais a buscar as verdadeiras práticas que levam à saúde, e percebam que a felicidade não está no tamanho do jeans.
Luana Galdino Rates Carvalho é nutricionista
Opiniões e conceitos nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores