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Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2019 às 20:00
- Atualizado há 2 anos
A imagem de Jesus Cristo crucificado já foi colocada diante da Praça de São Pedro, no Vaticano. As notas do acordeon estão sendo afinadas. Os altares estão sendo arrumados para receber a nova Santa Dulce dos Pobres, que será canonizada neste domingo (13). Faltando dois dias para a cerimônia, esta sexta (11) foi dia de arrumar os espaços onde acontecerão os atos homenageando a freira baiana. >
Confira o especial Pelos Olhos de Dulce>
“É uma emoção muito grande ver tudo ficando pronto e poder fazer parte dessa história”, afirmou José Maurício, o cego que voltou a enxergar após orações para Dulce, ao pisar na Praça de São Pedro, onde estava sendo montada a estrutura onde ele, Margareth Menezes e Waldonys vão se apresentar antes da missa de canonização no domingo. >
Neto de uma brasileira, o operário Guilermo Andrea já trabalha com montagens no Vaticano há 5 anos, mas pela primeira vez sente algo especial na atividade. “Saber que estou aqui fazendo algo por uma santa brasileira é algo que me deixa muito feliz”, orgulha-se. >
Mais do que uma festa, a canonização tem um propósito para as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). A luz da santidade de sua fundadora é a esperança para que a instituição saia do vermelho. Pelo menos é o que espera a sobrinha de Dulce, Maria Rita Lopes Pontes, que é atual superintendente das Osid.>
"Acho que, após a canonização, é necessário dar mais visibilidade à sua obra e poder realizar os sonhos que ela ainda continua sonhando lá do céu, de atender cada vez mais e melhor", afirmou em entrevista coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (11), no Vaticano. Ela estava ao lado dos representantes dos outros quatro beatos que se tornarão santos no domingo. >
No ano passado, as Osid, que atendem 3,5 milhões de pessoas de graça por ano, fecharam com déficit de R$ 11,2 milhões. Maria Rita, que assumiu as obras em 1992, quando a tia morreu, destaca que o maior desafio agora é investir na questão operacional. >
Maria Rita ressalta que a canonização acontecer agora - 27 anos após a morte de Dulce, no terceiro mais rápido processo de santificação do mundo - será um bálsamo para as Osid. "A canonização acontece em um momento que as obras precisam se reestruturar. Nos últimos 27 anos de ausência física de Irmã Dulce, a parte de atendimento cresceu muito, mas a área operacional vem sendo muito sacrificada. Ela não cresceu muito e precisa de uma melhoria na qualidade. Agora, precisamos aproveitar esse apoio", reforçou a superintendente."Irmã Dulce dá uma lição muito importante para nós de que o poder não está no dinheiro. O poder está no amor, está em se doar a uma causa. Ela mostra de que dinheiro não tem valor. Você consegue tudo através do amor e da solidariedade. Essas são as lições que ela deixa para nós", completou Maria Rita.Questionada pela imprensa italiana sobre a coincidência da canonização de Dulce acontecer no mesmo momento do Sínodo da Amazônia, Maria Rita destacou o patriotismo de Dulce. "Ela era uma patriota e se preocupava com tudo que acontecia no Brasil. É uma coincidência importante, pois sei que ela se preocuparia com isso", disse a sobrinha da freira. Na coletiva, ela destacou ainda que autoridades como o vice-presidente Hamilton Mourão e o ex-presidente José Sarney estarão em Roma para a canonização. Praça de São Pedro passa por últimos retoques para a canonização (Foto: Jorge Gauthier/CORREIO) Mourão Mourão, que chegou em Roma nesta sexta, afirmou que o governo federal manterá e ampliará dentro do limite de orçamento 'e das possibilidades' o valor que atualmente é repassado para as Obras Sociais Irmã Dulce .>
"A situação orçamentária do Brasil é complicada, mas vamos manter e ampliar os valores repassados no limite do possível", destacou o vice-presidente da República.>
Dados as Osid indicam que, em 2018, o governo federal foi responsável por 90% do orçamento anual da instituição, estimado em R$ 183 milhões. Ele também está no país europeu com agenda envolvendo encontros com políticos e empresários italianos. >
Além de Irmã Dulce, serão canonizados os seguintes beatos: John Henry Newman, cardeal, fundador do Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra; Giuseppina Vannini (no século Giuditta Adelaide Agata), fundadora das Filhas de São Camilo; Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família e Margherita Bays, Virgem, da Ordem Terceira de São Francisco de Assis.>
* Jorge Gauthier é chefe de reportagem do CORREIO e está em Roma para fazer a cobertura da canonização de Irmã Dulce>
* O projeto Pelos Olhos de Dulce tem o oferecimento do Jornal CORREIO e patrocínio do Hapvida.>