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Tailane Muniz
Publicado em 3 de outubro de 2017 às 16:36
- Atualizado há 2 anos
Era por volta de 11h desta terça-feira (3) e o almoço já estava quase pronto na casa da artesã Dilma da Silva Vieira, 53 anos, no bairro da Caixa D’Água, em Salvador. Ao sentar no sofá para ver TV, enquanto a comida terminava de cozinhar, ela foi surpreendida por um barulho. "Uma porrada muito forte. Achei que uma casa inteira tivesse desabado", lembra ela.>
Moradora da Rua Juazeiro há 36 anos, Dilma foi até a janela de casa e se deparou com parte da estrutura do telhado da laje do vizinho caída sobre o carro dela. Os moradores contaram que uma ventania arrastou as telhas e danificou os fios, deixando parte da rua sem energia elétrica.>
"Eu tomei um susto tão grande. Moro aqui há esse tempo todo e nunca vi nada assim. Fiquei arrasada quando vi o estrago", contou ao CORREIO, enquanto acompanhava as ações de três funcionários da Companhia de Eletricidade do Estado (Coelba) que trabalhavam para reestabelecer a energia, religada por volta das 13h. A artesã Dilma Vieira observa os estragos da ventania (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Além do susto, Dilma também vai ter que lidar com o prejuízo, já que o carro dela, modelo Fiat Strada, ficou parcialmente destruído na lateral esquerda. Ela contou que estava sozinha em casa no momento da ventania, e que o carro danificado foi comprado há um mês, mas a moradora ficou aliviada porque o veículo está coberto pelo seguro. "É minha sorte. Agora eu vou acioná-los [seguradora] para ver o que podem fazer, já que quase nem tivemos tempo de usar [o carro]", lamenta.>
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O estrago no veículo foi causado não só pelas telhas, mas também por grandes pilares de madeiras que ajudavam a sustentar o telhado da cobertura de uma casa vizinha à da artesã. A família que mora no imóvel que teve parte da cobertura destelhada não foi encontrada pelo CORREIO para comentar o incidente. A força do vento assustou os moradores da Caixa D'Água (Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO) Redemoinho E o que não faltou foi gente tentando desvendar o que houve para que a velocidade do vento estivesse forte a ponto de tamanho estrago. Cunhada de Dilma, a dona de casa Nilda Vieira, 56, mora ao lado e narrou ao CORREIO o que viu e ouviu."Estava vendo televisão, de repente, muita areia entrou aqui em casa, no meu olho, fiquei agoniada. Alguns segundos depois, eu olhei para a rua e vi as folhas de uma árvore balançarem muito forte; achei que iam cair. Já estava levantando para fechar a porta e a janela, quando a telha caiu aqui", relata a dona de casa.Para a dona de casa, a ventania mais se assemelha a um redemoinho. "Era muito, muito forte. Moro aqui há mais de 30 anos e nunca vi nada nem parecido. Minha vontade era sair correndo, sem olhar para trás". Os destroços acertaram o carro que foi comprado há um mês (Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO) Morador do local há três décadas, o funcionário público Ronaldo Barcellos, 54, concorda com a vizinha. "Observe que aqui é um lugar baixo. Ele [redemoinho] deve ter descido por ali, subido de vez e causado todo esse estrago", disse ele, ao comentar a topografia da localidade.>
Segundo a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Cláudia Valéria, os moradores podem ter razão. Os redemoinhos são comuns nessa época do ano.“São fenômenos típicos das estações Primavera-Verão e são provocados pela elevação da temperatura, nesse período de transição. Eles são comuns no Semiárido, mas acontecem com menos frequência nas áreas urbanas, por conta das construções”, contou a especialista.De acordo com o Inmet, nesta terça foram registrados ventos de até 28 km/h em Salvador, com média de 9 km/h. Os especialistas consideram a velocidade dentro da normalidade para o período. A previsão é que os ventos continuem fracos e moderados nos próximos dias, com tempo nublado e parcialmente nublado, e temperaturas oscilando entre 21°C e 29°C.>