Verão, álcool e olhos: veja como cuidar da saúde ocular e evitar Covid-19

De acordo com especialistas, o período aumenta em 20% os riscos de enfermidades oculares

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  • Felipe Aguiar

Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 21:12

- Atualizado há um ano

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Como já dizia Raul Seixas, ‘quem não tem colírio, usa óculos escuros’. Esses são dois dos maiores aliados para a saúde dos olhos, de acordo com o médico Cristian Santa Cruz, oftalmologista especializado em Catarata, Cirurgia Refrativa, Córnea e Lentes de Contato. Ele foi o entrevistado desta terça-feira (12) no Saúde & Bem-Estar explicou os cuidados para esse período. De acordo com dados do Instituto Penido Burnier o período do Verão aumentam em 20% a incidência das doenças oculares externas: conjuntivite, alergia, ceratite (inflamação da córnea) e olho seco.

É muito comum se pensar sobre a saúde da pele durante o Verão, contudo os olhos acabam sendo deixados de lado. Então, para além dos cuidados relacionados à pandemia do coronavírus e à epiderme, esse período também exige um cuidado ainda maior com a saúde ocular. A alta exposição ao sol pode provocar olho seco, lacrimejamento, irritação, queimadura e ceratite (inflamação na córnea). De acordo com Cristian, o maior inimigo desse período é a falta de zelo. “Cuidados são sempre necessários”, afirma o médico.

Quando perguntado sobre as formas de proteção dos olhos à radiação UV, o oftalmologista recomendou o uso de óculos escuros, chapéus ou bonés, sombreiros e colírio lubrificante. Cristian ainda lembra que os cuidados com a saúde dos olhos é necessária em qualquer idade. Ele ainda dá o exemplo das crianças que passam boa parte desse momento de sol e férias em praias ou piscinas. Para elas, o médico sugere o uso de óculos escuros e de natação para evitar algum tipo de irritação ocular ou até mesmo uma conjuntivite química por conta do cloro.

Olhos e pandemia

Ao pensar sobre os cuidados para o momento da pandemia,  Cristian pontuou a importância do uso do álcool 70 ou em gel e desmistifica qualquer malefício do mesmo para os olhos. “Não tive nenhum caso no ano inteiro por conta de uma conjuntivite química”, afirma o médico. Ele explica que o álcool tem uma rápida evaporação e alta eficácia na proteção e higiene.

Fora o álcool, outra forma de cuidado é a higienização constante, principalmente das mãos por conta do contato com as mucosas oculares. O entrevistado conta que lava as suas, sempre que pode. “Acho que lavar a mão e o álcool são as formas de prevenção que nos restam”. O oftalmo conclui o reforço dos cuidados, relembrando que “a dica é não colocar a mão nos olhos”.

Para além desses cuidados, a pandemia também interferiu na forma de trabalho e vida de muitas pessoas. O home office e o extenso tempo em frente a tela de um computador, por exemplo, podem causar o que o médico chama de “olhos cansados”. Cristian explica que isso nada mais é do que uma reação ocular ao estresse na musculatura sentido pelo indivíduo que passa muito tempo com o olho seco exposto a luz artificial de aparelhos eletrônicos.

Quando se pensa na pandemia, a imagem da máscara vem à mente e, para quem usa óculos, isso pode ser um problema. As lentes embaçadas são uma dificuldade constante. Uma das perguntas feitas pelos seguidores do @correio24horas ao  médico Cristian questionava como resolver essa situação. O médico comenta que conforto depende de cada pessoa, mas que ele acredita que o uso de máscaras com prendedor nasal ajuda nesse processo. “A gente precisa colocar (a máscara) na gente e ver se funciona bem”, afirma. Ele também comenta sobre a solução do sabão líquido. De acordo com Cristian, passar sabão na lente não ajuda, apenas arranha a lente.

Saúde dos olhos

Uma dúvida que paira é sobre a ida aos oftalmologistas. O entrevistado explica que as clínicas oftalmológicas, como a área de saúde de forma geral, tiveram que passar por uma adequação com os cuidados de higiene e proteção dos pacientes e da equipe. “Estimulo os pacientes a esperarem mais um pouco se não for algo necessário”, comenta Cristian.

Ao ser perguntado sobre as situações de urgência, o médico explica que dor de cabeça e fadiga visual são sinais para marcar uma consulta, além de qualquer problema com os óculos do paciente. Ele ainda aproveita para lembrar a forma correta de lavar os óculos, que é com detergente neutro e a secagem com um pano macio. Sobre consultas e fabricação de óculos ele conclui que “é preciso bom senso. Você precisa se sentir seguro”.

Cristian também explicou algumas formas de descansar e cuidar dos olhos. Sobre a exposição ao sol, o conselho é semelhante ao cuidado com a pele. A radiação até as 9h e após as 16h são mais indicadas. Ele também comentou sobre os ambientes, explicando que ambientes úmidos interferem na saúde dos olhos. A falta de circulação de ar nesses ambientes podem gerar uma alergia ocular.

Para aqueles que estão trabalhando muito tempo em frente a um computador, o oftalmo indicou paradas. Ele explicou que os olhos, como qualquer outro músculo, precisa descansar. “Pequenas paradas são necessárias”, afirma Cristian. Quando perguntado se existe algum tipo de exercício para relaxar a musculatura ocular, ele demonstrou um deles, mas reforçou que a parada e os exercícios são apenas paliativos para relaxar os olhos, mas não resolvem nenhum tipo de lesão.

Durante o verão, uma das melhores formas de ajudar a saúde dos olhos é, de acordo com Cristian, o uso de colírio lubrificante. O colírio limpa e hidrata o olho que ficou exposto ao sol, vento, mar e piscina. O médico ainda aproveita para desconstruir a ideia de que o soro fisiológico tem o mesmo efeito. Ele afirma que o soro deve ser trocado por lágrimas artificiais que são “o melhor protetor” para os olhos.

Para esse período de sol e férias, o oftalmo descreve o kit praia. Além da máscara e álcool sempre necessários nessa pandemia, ele sugere que as pessoas sempre levem um chapéu ou boné, óculos escuros, colírio, sombreiro e óculos de mergulho para as crianças.

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier