Violência sem hora ou local  para fazer vítimas

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  • Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2022 às 05:01

- Atualizado há um ano

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A foto publicada na edição de ontem (5/5) deste jornal é impactante: o sangue de um homem baleado três vezes escorrendo por entre mesas e cadeiras de um bar no Largo de Santana, no Rio Vermelho, bairro central de Salvador, conhecido ponto de boemia da cidade. A imagem nos revela que a violência tomou conta da cidade e o quão perigoso ficou sair de casa para trabalhar ou se divertir. Moradores do local, que a tudo assistiram enquanto saíam para trabalhar ou para fazer exercícios matinais, comentavam que a localidade passou a ser frequentada por traficantes e assassinos.

A fotografia foi feita pouco depois do atentado à vida, no início da manhã, nos falando ainda que episódios violentos não têm hora ou local para acontecer. No dia anterior, um grupo armado com facas fez um arrastão em uma lanchonete no Canela, outro bairro no centro da capital. Era por volta do meio-dia quando trabalhadores e clientes de um empreendimento tiveram seus pertences roubados. 

Dias antes, cinco pessoas foram assassinadas simultaneamente na principal via de Cruz das Almas, no Recôncavo. As vítimas voltavam de uma festa tipo paredão durante a madrugada do último dia 25 e sofreram uma emboscada. Aqui, a evidência é a de que o crime se espalhou para além das divisas da cidade mais rica e populosa do estado. Cinco dias depois, à noite, em Salvador, no bairro nobre da Pituba, três estabelecimentos vizinhos foram alvo de arrastão cometido por uma mesma quadrilha: uma hamburgueria, uma loja de vinhos e um restaurante. Os dias passam e os mesmos tipos de crimes são cometidos, muitas vezes, no mesmo lugar e horário. 

Todos esses casos, e mais uma porção que não caberia nessa quantidade de linhas, apontam que o crime e a violência estão banalizados na Bahia. Não importa o canto, não importa se é dia ou noite, os bandidos tomaram conta do espaço público. E que os cidadãos estão com medo. As ocorrências ficaram tão comuns que é usual ouvir, em tom de alívio, que ‘graças a Deus eles (os bandidos) só levaram o celular (ou a carteira, relógio, tênis), sem fazer algo pior (matar)’.

A resignação das vítimas e audácia dos bandidos se dão por motivos concretos: a política de segurança pública da Bahia é ineficaz, e as autoridades da área não têm tido o melhor entendimento sobre o fenômeno da violência para atacá-lo com armas, atitudes e políticas eficientes. 

E, para citar outra notícia que deveria constranger os responsáveis, é a incapacidade de punir aqueles que, incumbidos da responsabilidade de combater bandidos, trocam de lado e viram eles mesmos gângsteres. Menos da metade dos 106 processos abertos por violência policial resultaram em punição. Na terça (2/5), dois policiais militares foram presos acusados de pertencerem a uma quadrilha de sequestradores. 

A impunidade e a incapacidade de resposta aos criminosos – de todas os matizes - alimentam a falta de confiança na polícia, o medo e o cansaço da população. Presos de todas as maneiras em suas casas, homens e mulheres querem e precisam de mudanças que transformem a gestão da segurança pública baiana, tornando-a mais eficaz e eficiente para devolver praias, ruas, praças, parques, bares, restaurantes e cidades a trabalhadores, pais, mães e crianças, para a sociedade.

A violência nos separa, em um momento que temos de nos unir para enfrentar os grandes desafios socioeconômicos que temos pela frente para garantir um futuro melhor para todos.