Vírus invade aldeias no rastro do desmatamento

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  • Andreia Santana

Publicado em 19 de abril de 2020 às 09:30

- Atualizado há um ano

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Varíola, sarampo, tifo e caxumba não faziam parte da realidade dos indígenas brasileiros até a chegada dos colonizadores europeus no século XVI. Essas doenças, ao serem introduzidas naquelas populações sem defesas para combater vírus e bactérias até então desconhecidos por esses lados do mundo, dizimaram aldeias inteiras. 

Essa semana, um adolescente yanomami de 15 anos morreu de Covid-19, a infecção causada pelo novo coronavírus. A doença foi levada para a região amazônica por madeireiros que derrubam a floresta ilegalmente.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que os alertas de desmatamento na Amazônia bateram recorde histórico para o primeiro trimestre deste ano, em comparação ao mesmo período dos últimos quatro anos, quando o monitoramento pelo sistema Deter-B começou a ser feito. Queimadas e desmatamento ameaçam a floresta e as tribos que vivem na região (Foto: Jonathan Lewis/AFP) Ao todo, em janeiro, fevereiro e março de 2020 foram emitidos alertas para 796,08 km² da floresta, um aumento de 51,45% em relação a 2019, quando foram emitidos alertas para 525,63 km². As áreas mais afetadas no primeiro trimestre deste ano foram a Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará; a área de proteção ambiental do Tapajós, também no Pará; e a reserva extrativista Chico Mendes, no Acre. Todas essas regiões possuem comunidades indígenas.

Os madeireiros ilegais não só prejudicam o meio ambiente com a extração desenfreada em um dos sistemas mais ricos em biodiversidade do mundo, como também reeditam medos coloniais, ao levarem para as aldeias doenças para as quais os índios não possuem defesas imunológicas. A situação fica ainda mais grave quando a doença em questão é tão nova que a ciência sequer entendeu direito ainda como é o seu ciclo. 

Ninguém no planeta possui ainda defesa natural contra o vírus Sars-Cov-2 e, na busca por uma vacina que previna ou um medicamento que cure a infecção, o sangue das pessoas que sobreviveram à Covid-19 vem sendo requisitado para testes, em busca de anticorpos.

A ciência no entanto, por mais que corra diante de uma pandemia voraz, não consegue ser tão rápida quanto a sanha por lucro de quem derruba milhares de hectares de árvores. O que ocorre na Amazônia atualmente - e que no ano passado gerou tanta saia justa diplomática para o governo brasileiro -, além de crime ambiental, é genocídio.

Outros destaques da semana Moradores de rua serão testados nos distritos Brotas, Itapagipe e Centro Histórico (Foto: Tiago Caldas/CORREIO) Moradores de Rua serão testados para Covid-19

As pessoas em situação de rua em Salvador serão testadas para o novo coronavírus, segundo anunciou essa semana a prefeitura da cidade. Serão feitos testes rápidos nos distritos sanitários de Brotas, Itapagipe e Centro Histórico, locais onde há um índice maior de pessoas em situação de vulnerabilidade. A iniciativa faz parte do projeto Girassóis de Rua, que irá atender e acompanhar os moradores de rua durante a pandemia. Moraes fez show no Pelourinho em fevereiro deste ano (Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO) Leitores se despedem de Moraes Moreira

O cantor e compositor Moraes Moreira morreu na segunda-feira, 13, aos 72 anos. Ao longo da semana, além das homenagens de autoridades, como a colocação do nome do artista no antiteatro que será construído na Praça Castro Alves, Moraes também foi bastante lembrado pelos leitores do CORREIO nas redes sociais. Veja as mensagens:Eduardo Araújo - “A Bahia é madastra com seus filhos legítimos. Moraes deveria ser muito mais prestigiando pelo que fez pelo carnaval e cultura baiana. Um ser singular. Um poeta. Deixou um legado. Descansa em paz. Saudade. Saudade”

Silvia Lopes - “Quantos carnavais maravilhosos eu curti...agora, ele vai balançar o chão do céu. Os anjos devem estar todos eufóricos com esta chegada. Vai rolar só as antigas no céu. Grande músico, compositor. Grande perda para a cultura baiana”

Cristina Lima - “MUITO, muito triste a perda deste grande compositor, cantor, poeta. A Bahia amanheceu triste... perdeu mais um filho amado. Vai e voa em paz Moraes!!!”

Marcelo de Santana Tavares Barreto - “Deixou enorme legado, mas o que entristece é que os bons artistas estãoo envelhecendo e morrendo e praticamente não há renovação. O que ta vindo de novo faz vergonha e é um acinte que até cantem alguma bela canção deixada por Moraes Moreira...”

Jaciara Alves - “Meus sentimentos para a família. Que seu espirito siga em paz e bem acompanhado para o plano espiritual. Um grande poeta”

Dalmir Chaves - “Vamos sentir saudades. Que Deus o receba com todo o carinho que ele merece” Rubem Fonseca é considerado um dos principais autores nacionais (Foto: Zeca Fonseca/Divulgação) Luto também nas letras

Além da perda do músico Moraes Moreira, a semana também foi marcada pelo luto no universo literário. Na quarta-feira, 15, o escritor Rubem Fonseca morreu aos 94 anos. Autor de ‘Agosto’ e ‘Feliz Ano Novo’, entre outros, o romancista, contista e roteirista é considerado o grande renovador da literatura brasileira no século 20. Um dia depois da despedida de Rubem Fonseca, o escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza morreu, na quinta-feira, 16, aos 84 anos. Garcia-Roza, que era professor e especialista em psicanálise, ficou conhecido por suas histórias policiais protagonizadas pelo detetive Espinosa.

Presa com o agressor

O Instituto Sou da Paz, de São Paulo, divulgou essa semana que sete em cada 10 vítimas de feminicídio no estado, no ano passado, foram mortas dentro de casa. Das 180 vítimas de feminicídio em SP em 2019, 125 mulheres foram assassinadas em suas residências. Ainda segundo o instituto, com base nos dados do Disque Denúncia nacional, houve um aumento de 17% nas queixas de violência doméstica no país durante a quarentena. Com todo mundo em casa para evitar a disseminação do novo coronavírus, as vítimas estão confinadas com seus potenciais agressores. Donald Trump passou quase uma semana ameaçando a OMS (Foto: Brendan Smialowski/AFP) Trump ‘cancela’ a OMS

Donald Trump lançou mão de uma estratégia comum nas redes sociais e 'cancelou' a Organização Mundial de Saúde. O presidente dos Estados Unidos anunciou essa semana a suspensão do envio de verbas para a entidade, acusando a OMS de "lidar de forma inadequada com a pandemia". Analistas internacionais avaliam que o norte-americano, que demorou de tomar medidas para conter o coronavírus em seu país – os EUA são os líderes em número de mortos pela infecção Covid-19, atualmente -, quer jogar a conta nas costas da entidade internacional.

Negócios congelados

O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) divulgou pesquisa que mostra os impactos da pandemia nas micro e pequenas empresas do país. Na Bahia, mais de 60% dos entrevistados afirmaram ter interrompido suas atividades temporariamente e outros 5,34% disseram ter encerrado o negócio devido à crise gerada pelo novo coronavírus. Ao todo, foram entrevistados 6 mil empresários nos 26 estados e no Distrito Federal. A maioria dos baianos ouvidos são do setor do comércio.