Vitória lamenta primeira baixa pós reabertura da Toca do Leão

Médico e preparador físico do clube comentam lesão do zagueiro Carlos

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  • Daniela Leone

Publicado em 25 de junho de 2020 às 09:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Letícia Martins / EC Vitória

O Vitória lamentou a primeira baixa após a reabertura da Toca do Leão. Revelação da base rubro-negra, o zagueiro Carlos, 19 anos, lesionou o joelho esquerdo e vai desfalcar o time. “Ele torceu o joelho e rompeu o menisco lateral. É uma lesão de tratamento cirúrgico e vai ser necessário afastamento”, explicou o médico do Vitória, Wilson Vasconcelos. A cirurgia será realizada na próxima semana e a previsão é de que o atleta fique longe dos gramados por de dois a três meses. 

“São dois meniscos, medial e lateral. A recuperação do menisco lateral leva um pouquinho de tempo a mais que o menisco medial. Ele rompeu o lateral e a gente acredita que em dois meses, no máximo três, ele já esteja jogando dentro de campo”, projetou Vasconcelos.

O CORREIO apurou que a lesão ocorreu no treino de terça-feira (23) após Carlos tentar bloquear o chute forte de um companheiro. A bola pegou em cheio na ponta do pé do zagueiro, o que provocou uma torção. Carlos começou a temporada no elenco principal do Vitória e chegou a ficar como opção no banco na estreia da Copa do Nordeste, contra o Fortaleza, no Barradão. Logo depois, foi cedido à já extinta equipe de aspirantes. Ele assumiu a titularidade no lugar de Dedé de imediato e estreou como jogador profissional diante da Juazeirense, dia 29 de janeiro, no Campeonato Baiano.

O zagueiro enfrentou também Vitória da Conquista, Atlético de Alagoinhas, Bahia e só não encarou a Jacuipense porque no mesmo dia esteve entre os reservas do grupo principal no jogo contra o River-PI, pelo regional. Três dias antes, Carlos tinha sido mandado a campo por Geninho pela primeira vez, ao entrar no final do duelo perante o Ceará, na terceira fase da Copa do Brasil.

Carlos se machucou no sexto treinamento após a retomada das atividades na Toca do Leão. Por causa da pandemia de coronavírus, o centro de treinamento rubro-negro ficou fechado de 17 de março a 15 de junho, quando a Prefeitura de Salvador autorizou a reabertura dos clubes de futebol profissional. Enquanto o CT esteve fechado, os jogadores treinaram em casa com o auxílio de exercícios ministrados pelos preparadores físicos rubro-negros através de vídeos ou aplicativos de conferência remota. A metodologia só não foi aplicada em abril, quando o clube deu férias coletivas.

No entanto, o médico Wilson Vasconcelos não relaciona a lesão de Carlos aos três meses sem atividades presenciais. “É uma lesão muito comum. É do dia a dia do atleta do futebol e ele teve uma entorse. Carlos é novo, forte, o biótipo dele é bastante favorável a ele. Não dá para a gente dizer que é por isso ou não. A gente poderia afirmar se a gente começasse a ter uma frequência um pouquinho maior, mas ela é uma lesão comum. Todo ano tem pelo menos duas ou três lesões dessas no clube. Não é uma coisa que a gente pode atribuir a esse tempo de inatividade”, pontua.

O médico acrescenta ainda que uma lesão sofrida pelo prata da casa na final do Brasileiro sub-20 de 2018, contra o Palmeiras, o tornava suscetível a essa atual. “Carlos já teve essa mesma lesão no joelho do outro lado. Até um pouquinho pior. Ele teve uma lesão de menisco e do ligamento cruzado. Tem um ano e meio mais ou menos e ele estava em plena atividade. Quem tem lesão de joelho de um lado existe uma tendência maior por características intrínsecas e anatômicas de ter a lesão no contralateral", explicou Vasconcelos. 

Preparador físico do Vitória, Ednilson Sena concorda com o médico, mas pontua que o tempo de inatividade pode ter contribuído para a lesão. "Poderia ter acontecido com qualquer atleta, mesmo um jogador que já não tivesse uma intercorrência de ligamento cruzado, mas a inatividade é um fator que pode ter contribuído. Foram 90 dias sem fazer qualquer tipo de trabalho específico de fortalecimento".

Ednilson avalia que a inatividade vivenciada durante o período de isolamento social compromete o desempenho de atletas de alto rendimento e conta que o calendário atípico do futebol em decorrência da pandemia tem deixado departamento médico e comissão técnica do Vitória ainda mais atentos. 

"A gente está em alerta. Estamos trabalhando com todos os tipos de mecanismos e treinamentos que podem ser feitos pela fisioterapia, preparação física, as cargas que estão sendo utilizadas pela parte técnica. Estamos sempre nos reunindo para minimizar os riscos o máximo possível na aplicabilidade para que a gente não esteja perdendo jogador toda hora", afirma o prepador físico. "Tanto imprensa como dirigentes têm que estar preparados para esse retorno, porque vai ser um retorno atípico pela inatividade dos atletas de alto nível, jogadores que estão acostumados a treinar em alta performance. Nós temos hoje milhares de restrições para que o atleta possa treinar. Tudo isso dificulta no rendimento final", completa.