Volta dos caboclos atrai centenas de pessoas para o cortejo até a Lapinha

Imagens ficarão guardadas até o próximo 2 de Julho

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  • Carol Aquino

Publicado em 5 de julho de 2018 às 21:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr./Correio

Depois de dias de choro e lamentação nos seus pés, ontem foi o dia do Caboclo e da Cabocla voltarem para casa, na Lapinha, depois das comemorações do 2 de Julho que marcam a Independência da Bahia. E a volta, como sempre, foi marcada por muita festa e alegria. Ao som da Orquestra Reginaldo de Xangô, uma multidão acompanhou o cortejo do Campo Grande a Lapinha. Volta dos caboclos do Campo Grande, onde ficaram expostos por três dias, até a Lapinha se transformou em um verdadeiro Carnaval. (Foto: Betto Jr./ CORREIO) Marchinhas, tambores, gente dançando e muita cerveja anunciaram a passagem do Caboclo e da Cabocla. Teve quem ficasse de plantão em um ponto do cortejo, esperando a passagem das imagens. “É o quarto ano que eu venho. Eu não faço pedido, porque eu já tenho um índio dentro de mim. Sou de Oxóssi”, disse a autônoma Eservey Cabral, 64 anos. Ela mora no Imbuí, mas todo ano espera a passagem na frente da Praça Castro Alves.

“Já botei minhas frutinhas e com fé em Deus eu vou ser atendida. Há três anos, eu pedi para me arranjar um emprego e consegui. Agora, estou desempregada de novo e tenho certeza de que ele vai atender”, contou Lúcia Santos, 54, que já trabalhou como agente de portaria e auxiliar de serviços gerais. 

A devota não tem lembrança de quando começou a acompanhar a volta dos caboclos, só sabe que está na festa desde que se entende por gente. “Gosto da farra, da tradição, da homenagem,  dessa cultura que é nossa. Se a gente não manter isso vivo, quem vai?”, questionou Lúcia, que achou a festa mais animada este ano porque estava mais cheia. 

Outro que valoriza a tradição é o biólogo Guido Velansky, 27 anos. “É um momento de muita energia, de prestar homenagens aos nossos heróis. Acho que todos os baianos deveriam fazer este percurso”, disse, pontuando que devemos reconhecer e valorizar a nossa história. Mesmo participando do Desfile do 2 de Julho, ele acredita que a obrigação só é cumprida quando são feitos os dois percursos.

No cortejo foi possível até encontrar um bloco. A turma da agremiação “A Volta da Cabocla” acompanha o cortejo há 20 anos. Reunindo 40 pessoas este ano, eles saíram de Vida Nova, para prestar homenagem. 

O bloco é formado pelos frequentadores do Bar do Tremendão, que atrai gente de toda a cidade. “Tem gente de lá mesmo, do Caminho de Areia. E aqui no percurso vai juntando mais”, contou um dos frequentadores, o bacharel em Direito Jorge Luís Barreto, 58. “A volta do Caboclo é bem melhor do que a ida. É bom que aqui não tem política, não tem confusão", comparou ele.