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Vou mostrando como sou e vou sendo como posso

  • Foto do(a) author(a) Kátia Borges
  • Kátia Borges

Publicado em 11 de dezembro de 2021 às 07:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Virou piada o fato de que fechei a compra de um terreno caríssimo de frente para o mar, numa famosa praia do litoral da Bahia, sem ter um tostão no bolso. Negócio combinado em mesa de bar, numa tarde ensolarada de domingo. Negócio desfeito, numa lúcida segunda de manhã, após um telefonema surpreendente do corretor de imóveis, que queria marcar novo encontro para assinar o contrato.

Achou engraçado? Imagine a desfaçatez de quem cria paraísos virtuais e dos empresários que faturam milhões vendendo toda sorte de lugar que não existe. Bangalôs e mansões em balneários incríveis, locais perfeitos para ostentar aos domingos diante de outros avatares. Sol que nem queima, água que nem molha. Paisagens retangulares com profundidade simulada. Mas há sensações, dizem.

Duvida? Pois saiba que, somente na primeira semana de dezembro de 2021, foram vendidos terrenos virtuais que custam mais de 100 milhões de dólares. Os dados estão num site chamado Dapp e a informação, numa matéria distribuída pela agência France Press. De acordo com o texto, na atualidade, The Sandbox, Decentraland, CryptoVoxels e Somnium Space são os principais ambientes metaverso.

Nem vou comentar a tradução livre de alguns desses títulos. Desde que ouvi falar no termo fiquei intrigada. Busquei referências na internet, claro. Encontrei duas que considerei válidas, uma dela num site chamado Draft. Especialista em tecnologia, Dani Rosolen resume: “é a junção do prefixo meta, que em grego significa além, com universo. Sim, o metaverso significa além do universo”.

Também há uma referência forte na ficção científica. Em 1992, quando em algumas praias do litoral baiano sequer havia iluminação pública, Neal Stephenson, um escritor norte-americano com cara de mestre dos magos, publicou Snow Crash. Em seu romance, classificado como Cyberpunk, é para lá que foge o protagonista Hiro, um entregador de pizzas que, no universo virtual, tem um samurai como avatar.

Será bem interessante observar os debates sobre identidade dentro do metaverso. Ah, mas fulano não é assim como parece (rá, rá, rá). Visionários mesmo foram os Novos Baianos: “vou mostrando como sou e vou sendo como posso”. O metaverso promente ser uma espécie de Pasárgada sem ossos, alívio aos fiozinhos de areia incômodos que insistem nas reentrâncias de sungas, maiôs e biquínis, e custam a sair no banho.

“E como farei ginástica/Andarei de bicicleta/Montarei em burro brabo/Subirei no pau-de-sebo/Tomarei banhos de mar!”. Ah, Bandeira, e nem a indesejada das gentes andará por lá. Programadores darão um jeito de manter ativos os perfis de quem já tiver partido para um universo realmente além. Periga até dar de cara de repente, numa esquina do tal metaverso, com o avatar zumbi de algum amigo.