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Bolsonaro leu e pediu alterações na minuta do golpe, diz Mauro Cid ao STF

Documento que definia medidas contra resultado das eleições solicitava prisão de Moraes

  • Foto do(a) author(a) Yan Inácio
  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Yan Inácio

  • Estadão

Publicado em 9 de junho de 2025 às 19:19

Mauro Cid depõe ao STF
Mauro Cid depõe ao STF Crédito: Ton Molina/STF

O ex-presidente Jair Bolsonaro estava ciente do documento que planejava o golpe de estado e solicitou alterações para manter apenas a prisão de Alexandre de Moraes. A informação foi revelada pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, durante primeiro depoimento do julgamento da trama golpista nesta segunda-feira (9).

Segundo Cid, o documento foi mostrado ao ex-presidente em “no máximo três reuniões” e consistia em duas partes. A primeira eram os considerandos, que listavam as possíveis interferências do STF e do TSE no governo Bolsonaro e nas eleições. E a segunda parte discorria sobre questões jurídicas relacionadas ao estado de sítio, prisão de autoridades e decretação de um conselho eleitoral para instaurar novas eleições.

Bolsonaro também solicitou a retirada de trechos que determinavam a prisão de autoridades, mantendo como alvo principal apenas o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. “Ele [Jair Bolsonaro], de certa forma, enxugou o documento. Basicamente retirando as autoridades das prisões, somente o senhor [Alexandre de Moraes] ficaria como preso”, disse Mauro Cid durante o interrogatório.

Cid também afirmou que Bolsonaro exigiu que o então ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira elaborasse um documento “duro” contra as urnas eletrônicas, mas o relatório não apontou fraudes no processo eleitoral. Segundo o tenente-coronel, “o general Paulo Sérgio tinha uma conclusão voltada para um lado mais técnico, mas [Bolsonaro] tinha a tendência a fazer algo mais político”

Mesmo sem evidências concretas, o documento não descartou a possibilidade de falhas. Vale lembrar que o TSE, a Polícia Federal e outras entidades garantem a lisura da votação por urna eletrônica. Cid também disse que após as eleições, Paulo Sérgio apresentaria o relatório pronto no TSE, mas desmarcou o compromisso por pressão de Bolsonaro.

Mauro Cid confessou que deu dinheiro a “kid preto”

Cid também disse que, a pedido de Walter Souza Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro em 2022, entregou uma caixa de vinho com dinheiro ao major Rafael de Oliveira. O militar faz parte do grupo conhecido como “kids pretos”, formado por militares das Forças Especiais do Exército. Cid não soube dizer os valores que estavam na embalagem.

De acordo com as investigações da Polícia Federal, os integrantes do grupo são suspeitos de planejar a morte de Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. O plano foi batizado de "Punhal Verde e Amarelo".

"Eu fiquei sabendo pela imprensa, no dia da prisão dos militares [kids pretos], inclusive, meu nome nem constava naquele gabinete de crise que foi criado, ou que seria criado", afirmou, quando questionado por Moraes se tinha conhecimento do plano..

Julgamento da trama golpista

Mauro Cid foi o primeiro réu a ser interrogado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo que julga as ações do “núcleo crucial” da trama golpista. Por ter fechado acordo de delação premiada, os outros julgados têm o direito a falar por último.

As audiências vão ocorrer presencialmente na sala de sessões da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Os sete acusados vão ficar frente a frente com o ministro Alexandre de Moraes, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na sequência, os réus vão ser chamados por ordem alfabética: Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Abin), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e Casa Civil).

Braga Netto será ouvido por videoconferência do Comando da 1ª Divisão de Exército, no Rio de Janeiro, onde está preso desde dezembro de 2024. Os réus vão sentar lado a lado e devem permanecer na sala de sessões. Eles só podem pedir para ser dispensados das audiências quando chegar a vez de prestar depoimento. Todos têm o direito de ficar em silêncio.

Os réus vão sentar lado a lado e devem permanecer na sala de sessões. Eles só podem pedir para ser dispensados das audiências quando chegar a vez de prestar depoimento. Todos têm o direito de ficar em silêncio.

As audiências serão transmitidas ao vivo pela TV Justiça. A defesa de Braga Netto chegou a pedir o sigilo do depoimento alegando que "não é razoável que o ato mais importante de autodefesa seja realizado sob a mira de câmeras". Moraes negou o pedido por considerar que os advogados não demonstraram "efetivo prejuízo" no interrogatório público.