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Wendel de Novais
Publicado em 27 de novembro de 2025 às 12:36
A advogada Poliane França Gomes, presa na manhã desta quinta-feira (27) durante uma operação policial, é apontada como uma das peças-chave no esquema financeiro e estratégico do Bonde do Maluco (BDM). Ela foi capturada em sua casa, na Ladeira do Bambuí, em São Caetano, Salvador, onde policiais encontraram R$ 190 mil em espécie, que é um sinal do enriquecimento obtido com ações criminosas. >
Além da quantia, a investigada tinha em sua posse um contador de dinheiro, celulares e joias que são apenas a ponta do iceberg da riqueza do grupo alvo de operação. Para se ter ideia, na operação, foram apreendidos automóveis de luxo, jet-ski, um haras com cavalos de raça e até uma usina de energia solar de cerca de R$ 1 milhão. >
“Nessa montanha de dinheiro, você pode ter certeza de que ela está na parte de cima. Afinal, é companheira e comparsa do chefe desse grupo, tendo uma função de liderança no BDM”, destaca fonte policial ouvida pela reportagem sob anonimato. O chefe em questão é Leandro da Conceição Santos Fonseca, conhecido pelos vulgos de ‘Léo Gringo’ e ‘Shantaram’, que está no presídio de segurança máxima de Serrinha,>
Poliane era porta-voz de Léo Gringo fora da cadeia
De dentro da cadeia, no entanto, ele fazia de Poliane a sua porta-voz. A advogada iniciou o vínculo com a facção prestando “serviços jurídicos” a integrantes presos. Com o tempo, porém, passou a se envolver diretamente nas ações do BDM, sobretudo após manter relacionamento íntimo com Léo Gringo. >
As investigações apontam que a advogada transmitia ordens para ataques, articulações territoriais e cobranças contra grupos rivais. Ela também coordenava a comunicação entre criminosos dentro e fora dos presídios, contribuindo para manter a facção ativa e organizada. “A liberdade dela significava não só um risco pela organização financeira, mas nas ruas. Era uma voz forte nos ataques e ameaças a desafetos”, completa o policial ouvido. >
Além dela, outras 11 pessoas foram presas, suspeitas de envolvimento em tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e ações armadas. Ao todo, a operação conta com 14 mandados de prisão e 25 de busca e apreensão cumpridos simultaneamente em Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo. >
As medidas atingem contas bancárias e investimentos ligados a 26 CPFs e CNPJs, com bloqueios que podem chegar a R$ 100 milhões. Os alvos incluem responsáveis pela contabilidade do tráfico, gerentes territoriais que comandavam áreas na capital e no interior, além de operadores encarregados de transporte e armazenamento de drogas e armas. >
A operação foi batizada de Rainha do Sul, em referência à trajetória de Poliane dentro da facção — comparada ao enredo da série em que uma mulher ascende ao poder no tráfico e se torna líder criminosa. >