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Carol Neves
Publicado em 8 de outubro de 2025 às 10:24
O artista plástico e articulista César Romero, conhecido por sua atuação marcante nas artes visuais da Bahia, morreu depois de engasgar enquanto comia, na noite da terça (7), em Salvador. Amigos relataram que ele passou mal em casa e não resistiu, e a Polícia Civil investiga a suspeita de que a morte tenha sido causada pelo engasgo. Ele tinha 75 anos. >
Segundo nota da Polícia Civil, vizinhos relataram que o artista estava sendo alimentado por uma cuidadora quando se engasgou. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada e tentou reanimá-lo, mas não obteve sucesso. O caso foi registrado na 14ª Delegacia Territorial (DT) da Barra, e a perícia deve apontar a causa oficial da morte. Outra suspeita, segundo amigos, é que ele tenha sofrido um aneurisma. >
O artista José Dirson Argolo, que visitou Romero recentemente, explicou que Romero não tinha nenhum grande problema de saúde, embora estive mais "fragilizado" com a idade. “Faleceu ontem à noite, por volta das 21h. Ele estava um tanto, vamos dizer, fragilizado ultimamente. Eu até estive na casa dele na semana passada, mas não era nada que se esperasse que pudesse vir a óbito”, relatou Argolo. >
Cesar Romero
Romero nasceu em Feira de Santana em 1950 e iniciou sua carreira de pintor em 1967, participando de salões e exposições no Brasil e no exterior, incluindo Washington, Hannover, Berlim, Barcelona, Madri, Bilbao e Lisboa. Membro da Association International des Arts Plastiques (AIAP) e da International Association of Art, da Unesco, recebeu em 1979 o título de Personalidade do Ano, Homem Destaque do Nordeste. Em 2001, inaugurou uma grande exposição individual no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), quando lançou um CD-ROM, dois vídeos e um livro assinado pelo crítico Jacob Klintowitz.>
Além da pintura, Romero atuou como colunista do jornal CORREIO e colaborou com revistas e jornais da Bahia desde o final dos anos 1970. Também se destacou como designer, cantor e gravador de discos com clássicos da MPB. “Escrevia muito bem, era um intelectual e chegou a gravar também alguns discos com uma voz muito refinada. A Bahia perde um grande intelectual, um grande artista e, além de tudo isso, uma pessoa humana extraordinária”, disse Argolo, emocionado.>
A crítica de arte Matilde Matos, em comentário publicado durante a trajetória do artista, destacou que “a arte de César Romero se baseia num constante processo de síntese em torno dos seus símbolos” e que seu trabalho “leva o espectador a decifrar seus motivos, pois afirma seus temas de modo tão exato, que o seu intento prevalece claro”.>
O velório e o enterro do artista devem ocorrer em Salvador, com horário e local ainda a serem confirmados pela família. O corpo segue no Instituto Médico Legal (IML) e uma irmã de Romero deve chegar de Feira de Santana para fazer a liberação.>