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De trajes a serviços: saiba quais são as regras para frequentar um terreiro

Representantes e frequentadores de casas de axé listam boas práticas para visitantes

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 21 de agosto de 2025 às 07:00

Umbanda
Umbanda Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

Por muito tempo, a Bahia só testemunhou o culto de religiões de matrizes africanas às escondidas. Hoje, com a crescente valorização da identidade negra e resgate à memória ancestral, esse ambiente tem se tornado cada vez mais alvo de curiosidade, seja por quem tem vontade de seguir a religião ou por quem se encanta pelo que acredita ser místico. Segundo representantes de terreiros e frequentadores, a visita e a curiosidade são bem-vindas, mas é preciso seguir regras de boa convivência, assim como qualquer outro templo religioso.

Segundo Vilson Caetano, babalorixá, antropólogo, professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e pesquisador da cultura afro-brasileira, destaca que é preciso bom senso. “A regra básica é não demonstrar curiosidades, fazer perguntas e ir onde não foi chamado. Candomblé é uma religião secreta e iniciática. Logo, a transmissão de conhecimentos é dada através do tempo”, pontua.

Como religião iniciática, é preciso ser acolhido pela comunidade antes de se tornar um assíduo em um terreiro. “A inserção e acolhimento se dão através de prestação de serviços. Depois, a inserção no grupo se dá através de ritos prescritos pelo grupo social e reconhecidos publicamente pelo coletivo. [...] Candomblé não se aprende através de cursos, apostilas, muito menos reproduzindo Tiktok”, ressalta.

Paula Pantaleão, mame’tu do terreiro Unzo Kassanguanje Mukongo, afirma que cada casa tem sua própria regra, mas algumas são comuns entre todas elas. “O conceito básico é não vestir roupas muito curtas, vestir branco em respeito à casa e ao orixá, evitar fumar dentro de casa e tomar cuidado com o linguajar”, orienta.

Quando questionada sobre a restrição ao ato de fumar, a líder religiosa explicou que é uma regra circunstancial. “Em uma festa de caboclo, pode fumar, porque é preceito, afinal, caboclo fuma charuto. É diferente de decidir fumar um cigarro porque quer, porque às vezes isso desrespeita o espaço do outro”, esclarece.

O uso de celular é outro ponto aberto a debate e que tem regras específicas por terreiro. Enquanto Paula Pantaleão vê o uso da tecnologia como inevitável, ela pondera que não cabe fazer gravações dos cultos, embora não haja um consenso geral. Em algumas casas, não há nenhuma restrição e a vivência no axé chega a ser postada quase diariamente nas redes sociais.

Para Evilasio da Silva Bouças, presidente do Conselho Municipal das Comunidades Negras de Salvador (CMCN) e diretor de Assistência Social e Cultura da Associação do Terreiro Tumba Junsara (AbenTumba), a regra a ser seguida é agir da maneira que se agiria em outros espaços sagrados. “São critérios de boa convivência. Assim como ninguém vai fumar e colocar o telefone alto em uma igreja, o mesmo se espera em um terreiro”, frisa.

Leonel Monteiro, presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), acrescenta como alguns dos regramentos a abolição do uso de roupas de cor preta. “Roupas inadequadas para o ambiente, como shorts, bermudas, curtas ou de banho, também não devem ser usadas. Não se deve beber. Além disso, homens e mulheres devem sentar-se separadamente nos momentos de culto nos locais previamente identificados”, finaliza.