Robôs jogando futebol? Maior competição do mundo acontece em Salvador; entrada é gratuita

Mais de 2 mil competidores de 40 países estão em Salvador para a Robocup 2025, realizada no Centro de Convenções, na Boca do Rio. Maior competição de robótica e inteligência artificial do mundo, o evento segue até o próximo domingo (16), das 9h às 20h, com entrada gratuita.

“A Robocup tem o objetivo de fomentar o desenvolvimento da pesquisa em robótica e traz o que há de mais avançado em robótica e inteligência artificial no mundo. Tudo que vemos sendo aplicado atualmente nessas áreas foi desenvolvido nos primeiros anos da competição”, diz o presidente da Robocup Brasil, Marco Simões.

Os robôs são controlados por inteligência artificial, sendo vedada a interferência humana nas provas. Entre as modalidades na disputa estão a categoria Home, Rescue e Industrial, além da tradicional disputa do Futebol de Robôs. As provas envolvem a realização de tarefas domésticas, simulação de resgates e serviços industriais.

A edição desse ano conta com uma novidade: a modalidade Flying Robots, desenvolvida no Brasil, onde drones realizam tarefas de logística e simulações de busca e resgate.

“O futebol de robôs ele reúne vários problemas que são comuns em outras áreas da inteligência artificial. Se temos uma cidade com carros autônomos, por exemplo, precisamos ensiná-los a trabalhar de forma coletiva, como no futebol. Se conseguirmos fazê-los jogar tão bem quanto queremos, teremos a possibilidade de resolver vários problemas do mundo real usando a mesma tecnologia”, explica Marco.

O Brasil tem a maior delegação da competição, com 45 equipes. Dessas, oito são baianas, sendo três na categoria "major”, destinada aos estudantes da graduação e cinco na categoria júnior, que reúne estudantes com idade entre 14 e 18 anos. Essa é a maior participação baiana no evento.

As equipes da categoria principal representam o Centro de Pesquisa em Arquitetura de Computadores, Sistemas Inteligentes e Robótica da Universidade do Estado da Bahia (Acso/Uneb), que participa com o selo BahiaRT. Elas disputam as modalidades Flying Robots, Futebol de Robôs (Simulação em 3D) e Home.

Também pesquisador do Acso/Uneb, Marco celebra a participação recorde dos baianos na competição. “Isso evidencia o quanto crescemos nesse ramo. Se olharmos para a primeira edição no Brasil, há 10 anos, nós só tínhamos uma equipe competindo em duas modalidades e estamos mandando três equipes na categoria Major pela primeira vez”.

A equipe de futebol de robôs é decacampeã brasileira na modalidade e vem alternando entre a quarta e a quinta posição nos últimos anos. Capitão da equipe, o estudante de Sistemas da Informação Alan Nascimento, 20 anos, espera alcançar vôos mais altos neste ano.

“Esperamos ganhar tudo. Passamos o último ano estudando, testando algumas coisas e vendo o que funciona. Além da competição, viemos para compartilhar experiências e conhecimentos, mas no final todo mundo quer sair com o troféu. É uma experiência muito enriquecedora e isso é perceptível com a nossa evolução ao longo dos anos”, fala.

A equipe na modalidade Home apresenta o robô Bill, que realiza tarefas domésticas a partir de um comando de voz. A capitã Gabriele Carvalho, 19, explica que a preparação envolve o desenvolvimento de diversas habilidades.

“O robô precisa enxergar, precisa ter noção de profundidade, navegar em ambientes que ele conhece ou não conhece. Foi uma preparação bastante complexa, que demandou muito esforço, mas estamos esperançosos de representar a Bahia nesse evento e mostrar que estamos para competir nessa categoria”.

Já os representantes baianos na modalidade Júnior são estudantes do Colégio da Polícia Militar (CPM/Lobato), que contam com a supervisão da Uneb; do Instituto Federal da Bahia (Ifba), de Eunápolis; do Colégio Nossa Senhora de Fátima, de Vitória da Conquista e do Colégio Madre Savina Petrilli, de Itapetinga.

“Eu espero que mais universidades e escolas possam aderir a essa iniciativa. Mesmo que o mundial não venha todos os anos, temos a competição brasileira anualmente e, conseguindo bons índices, teremos mais equipes indo para outros países representar o Brasil”, afirmou Marco.

“Quanto mais fazemos isso, mais formamos recursos humanos de qualidade. Uma das coisas que impedem grandes empresas de tecnologia de virem para cá é a falta de pessoas. Se mais instituições aderirem ao movimento, a Bahia se tornará um estado de grande interesse para essas empresas já que teríamos mão de obra qualificada no nosso estado para desenvolver aquilo que eles precisam”, completou.

Para acessar a Robocup, é necessário realizar a inscrição através do Sympla. Essa é a segunda edição da competição no Brasil. A primeira ocorreu há 11 anos, em João Pessoa, na Paraíba. O evento é organizado pela Robocup Brasil, em parceria com a RoboCup Federation, (Uneb) e Centro Universitário FEI e conta com produção da Bahia Eventos.

*Com orientação do editor Miro Palma