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Carol Neves
Publicado em 21 de outubro de 2025 às 10:00
O julgamento durou 37 horas, mas terminou de forma clara: Lourdes Maria, empregada doméstica de 28 anos, foi condenada a 13 anos de prisão - 12 por homicídio e 1 por ocultação de cadáver. Ela cumpriu a pena e deixou a prisão por bom comportamento. A sentença encerrou um dos casos mais emblemáticos da história criminal da Bahia, mas não diminuiu o choque que Salvador sentiu em fevereiro de 1991.>
A confissão da acusada aconteceu na sexta-feira seguinte ao crime. Lourdes detalhou como matou Roberto Carlos da Silva, de 26 anos, radialista e funcionário da TV Aratu, e ocultou seu corpo. Negou a participação de terceiros, desmentindo a versão inicial de que dois homens estariam envolvidos. Ela relatou que o relacionamento com a vítima era instável, marcado por encontros e afastamentos, traições e a incapacidade dele de manter compromisso sério. A morte ocorreu durante uma discussão, motivada por tentativas de Roberto Carlos de reatar o relacionamento.>
Veja fotos da reconstituição e julgamento da acusada: >
Mulher de 28 anos foi condenada por matar e esquartejar Roberto Carlos
O caso ganhou novo rumo com a entrada do delegado Eupio Lira, que passou a investigar Lourdes como única responsável. A complexidade do crime – o esquartejamento, o desaparecimento de órgãos vitais e a dificuldade de identificar a arma – reforçava a tese de que houve planejamento. Para Lira, a frieza e suposta inteligência da suspeita indicavam execução individual e consciente do homicídio.>
Antes disso, a investigação havia sido marcada por versões contraditórias e suspeitas diversas. Inicialmente, Lourdes alegou que dois homens, incluindo um chamado José Alexandre e outro desconhecido, teriam cometido o crime. A polícia encontrou inconsistências, e a família da vítima suspeitava de vingança envolvendo os acusados.>
O horror começou em um domingo de Carnaval, 10 de fevereiro de 1991, quando um morador de rua, ao revirar sacos de lixo em frente ao Edifício Bosque dos Barris, na Rua Coqueiros da Piedade, encontrou uma mão humana. Dentro dos mesmos sacos estavam partes do corpo de um homem, quase completamente esquartejado. A vítima era Roberto Carlos da Silva, assassinado no apartamento 1203 do mesmo edifício, em um crime que ficaria conhecido como o “Esquartejado dos Barris”.>