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Esther Morais
Publicado em 5 de novembro de 2025 às 09:28
A tentativa de envenenamento planejada por alunos de 12 anos contra duas professoras em uma escola pública de Salvador pode fazer com que os educadores fiquem com medo de reprovar os estudantes, prevê o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira. >
A repercussão acontece depois de quatro adolescentes tentarem colocar chumbinho em balas, com o objetivo de entregar às docentes de Matemática e Inglês, porque temiam ser reprovados nas disciplinas. O esquema, porém, foi denunciado por outros estudantes ao vice-diretor da instituição e não chegou a ser concretizado. O caso aconteceu no Colégio Estadual Edson de Souza Carneiro, no bairro de São Caetano, em Salvador, na última sexta-feira (31).>
"É lamentável. Parece coisa de ficção, criança de 12 anos com tendência desse tipo. Você pode não gostar de professora, mas tentar envenenar é outro nível", reclama Oliveira. "Nenhum professor gosta de reprovar aluno, não faz parte da concepção pedagógica. Isso pode repercutir e fazer com que professores fiquem com medo de reprovar", acrescenta.>
Ele ainda informou que a APLB acompanha o caso e colocou à disposição as esferas jurídica, social e política da entidade para auxiliar a Secretaria da Educação (SEC).>
Em nota, a pasta estadual informou que a direção da unidade escolar já se reuniu com as famílias dos estudantes e com equipes multidisciplinares de saúde, prestando assistência a toda a comunidade escolar.>
A reportagem do CORREIO esteve no colégio, mas a direção não se pronunciou diretamente sobre o caso. A situação foi registrada na Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI), que investiga a denúncia e realiza oitivas e diligências para esclarecer os fatos.>
Caso é investigado pela Polícia Civil
Em um áudio que circula pelo WhatsApp, uma professora da escola alerta colegas de outras unidades a não aceitarem comidas de alunos, por conta do risco de envenenamento. “Eu fiquei estarrecida, anestesiada com o caso”, desabafa.>
Um caso semelhante ocorreu em uma escola pública de Paripe, também em Salvador, no primeiro semestre deste ano. Na ocasião, um aluno colocou laxante na água da professora dentro da sala de aula. Ela foi alertada por outros estudantes antes de beber o líquido. Após o episódio, o aluno foi removido da instituição escolar.>
A reportagem solicitou à APLB os registros de ataques contra professores dentro de unidades de ensino na Bahia neste ano e aguarda retorno.>