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Portal Edicase
Publicado em 8 de agosto de 2025 às 18:15
A alimentação exerce grande impacto no funcionamento do cérebro, pois os nutrientes consumidos influenciam diretamente a saúde neural e a cognição. Enquanto alimentos ricos em ômega 3 e vitaminas favorecem a plasticidade sináptica e protegem contra inflamações, dietas com alto teor de açúcar podem causar danos que comprometem o equilíbrio de todo o organismo. >
Café
O consumo exagerado de açúcar pode ter diversos efeitos negativos no funcionamento do cérebro, conforme explica a nutricionista Thaís Lobo, professora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera. “O cérebro utiliza glicose como sua principal fonte de energia. No entanto, o consumo excessivo de açúcares simples leva a picos rápidos de glicose no sangue, seguidos por quedas bruscas. Essas flutuações podem prejudicar a capacidade do cérebro de funcionar de forma otimizada, afetando a concentração e a memória”, alerta. >
A profissional também explica que embora o açúcar forneça energia rápida, o consumo excessivo e crônico pode desregular os mecanismos de produção de energia a longo prazo, levando a fadiga e dificuldade de manter a atenção. >
Quanto ao impacto no desempenho de um jovem que está se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou para um vestibular, a nutricionista destaca que a principal fonte de energia para o cérebro é a glicose, mas o consumo de muito açúcar pode sobrecarregá-lo. Quando o cérebro é superestimulado, ele pode levar à hiperatividade e a mudanças de humor, sendo essas consequências sentidas rapidamente. >
“O açúcar ativa intensamente o sistema de recompensa do cérebro, o que pode gerar ansiedade e emoções exageradas. Isso interfere diretamente na capacidade de foco e estabilidade emocional, especialmente em períodos de pressão como o Enem”, aponta Thaís Lobo. >
Alguns podem pensar que, por outro lado, a falta de açúcar pode ser prejudicial também, mas não é bem assim. A nutricionista esclarece que a falta de alimentação pode causar a hipoglicemia, e a forma mais eficiente de reverter esse quadro são alimentos ricos em carboidratos simples, como um copo de água com açúcar ou uma bala. >
“Para um jovem com uma ingestão diária de 2.000 calorias, por exemplo, o ideal é que, no máximo, 200 calorias venham desses açúcares livres — o que equivale a aproximadamente 50 gramas de açúcar, ou cerca de 10 colheres de chá”, orienta Thaís Lobo. >
A especialista ressalta que esse limite inclui não apenas o açúcar que adicionamos, mas também aquele presente naturalmente em sucos de frutas concentrados, mel e xaropes. É um convite à leitura atenta dos rótulos! >
A boa notícia é que o corpo precisa de carboidratos para funcionar, especialmente o cérebro ávido por conhecimento. E é aqui que entram os verdadeiros heróis da nutrição: os carboidratos complexos. “Eles são a verdadeira base da energia de qualidade para os jovens!”, afirma Thais Lobo. >
Com eles, é possível manter a energia para os estudos. “Diferentemente dos açúcares simples que causam picos e quedas rápidas de energia — levando àquela sensação de ‘pane’ cerebral no meio da aula —, os carboidratos complexos são digeridos lentamente. Isso significa um fornecimento de glicose constante e estável para o cérebro, essencial para a concentração nos estudos, uma memória afiada e a capacidade de manter o foco por mais tempo”, explica a nutricionista. >
Além do açúcar, a nutricionista acende um alerta para o consumo de cafeína e destaca que pode interferir significativamente no desenvolvimento neurocognitivo, influenciar o sistema cardiovascular, além do risco de dependência e intoxicação. >
“O consumo de cafeína entre adolescentes deve ser moderado. Em excesso, pode afetar o sono, aumentar a ansiedade e impactar o rendimento cognitivo. A recomendação é de, no máximo, 100 mg por dia, o equivalente a uma xícara de café”, ressalta. >
Sobre os sintomas, a especialista menciona que cada indivíduo reage de forma diferente à cafeína. Para muitos jovens, a promessa de mais energia, um estado de alerta aguçado e uma capacidade de concentração aprimorada soa como a solução perfeita para a rotina intensa de estudos e atividades. E, de fato, em doses moderadas, esses benefícios podem ser percebidos. >
Contudo, Thais Lobo destaca um ponto crucial: essa relação nem sempre é de benefício mútuo. Em indivíduos mais sensíveis, o que deveria ser um impulso pode rapidamente se transformar em um empecilho. A cafeína tem o poder de atrasar o início do sono, roubar preciosas horas de descanso ou, no mínimo, comprometer profundamente sua qualidade reparadora — fundamental para a memória e o aprendizado. >
Mais do que isso, a substância estimulante do sistema nervoso central pode gerar ansiedade, nervosismo e irritabilidade, transformando o que era para ser foco em um estado de agitação que só atrapalha o desempenho e o bem-estar diário. >
Por Priscila Dezidério >