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Antes de fugir para SP, influencer havia sido multado por dirigir moto sem capacete e levar na garupa adolescentes seminuas

Hytalo Santos e o marido são investigados em inquérito sobre exploração sexual de crianças e adolescentes; conteúdo era gravado no condomínio onde vivia em Bayeux, na Região Metropolitana de João Pessoa

  • Foto do(a) author(a) Mariana Rios
  • Mariana Rios

Publicado em 16 de agosto de 2025 às 05:00

Hytalo Santos e o marido Israel Vicente
Hytalo Santos e o marido Israel Vicente Crédito: Divulgação Polícia Civil SP

O influenciador digital Hytalo Santos e o marido dele, Israel Natan Vicente, foram presos nesta sexta-feira (15) em Carapicuíba, na Região Metropolitana de São Paulo. O paraibano é investigado em duas ações no Ministério Público da Paraíba, em João Pessoa e Bayeux, e numa apuração do Ministério Público do Trabalho. O jovem de 28 anos é suspeito de crimes como tráfico humano e exploração sexual infantil. Ele foi um dos nomes denunciados no vídeo sobre “adultização” de Felipe Bressanim, o Felca, e mobilizou parlamentares a discutirem novas regras para a proteção de jovens na internet.

Antes de fugir para São Paulo, Hytalo já havia sido multado diversas vezes por dirigir moto sem capacete e por levar na garupa adolescentes seminuas no condomínio onde vivia em Bayeux, na Região Metropolitana de João Pessoa. Ao todo, as infrações somaram R$ 19.203,20. Segundo o Ministério Público da Paraíba, Hytalo é investigado por condutas envolvendo publicação de vídeos de conotação sexual com adolescentes, para obter lucro.

“O acusado pratica 'adultização' de adolescentes, consistente na indução precoce a comportamentos e performances sexualizadas, empregada como estratégia deliberada de engajamento digital e rentabilização econômica. Ainda que sob aparência de lazer, tal conduta traduz utilização indevida da imagem de menores com finalidade lucrativa, configurando exploração sexual e trabalho infantil artístico irregular, uma vez que o conteúdo produzido é monetizado em plataformas digitais”, afirma, no processo, que está sob sigilo e foi obtido pelo jornal O Globo, a promotora Ana Maria França Cavalcante de Oliveira, da 2ª Promotora de Justiça de Bayeux (PB). A justiça acatou o pedido de prisão preventiva feito pelo MPPB.

Segundo os investigadores, Hytalo centraliza seu conteúdo em um grupo de jovens (chamados de “crias”, “filhas” e “genros”), muitos dos quais menores de idade, que residiam em uma mansão sob sua tutela informal. O influenciador realizaria apoio financeiro aos menores e também a seus pais. “A situação se prolonga por anos, muito mais do que oversharenting (termo que descreve a prática de pais que expõem de forma excessiva a vida de seus filhos nas mídias sociais). Há indícios de que o investigado se aproveita da vulnerabilidade social e emocional de algumas crianças e adolescentes, induzindo-os a participar de poses, coreografias e danças erotizadas para divulgação nas redes sociais, mediante promessa de recompensas (...) Ele retira as crianças das famílias originárias sob a pálida e falsa promessa de melhoria de vida e criação de oportunidades, trazendo participantes de suas cidades, separando-os dos pais para ficarem em seu ‘circo macabro’, e depois excluindo- as da mesma forma que as trouxe, simplesmente as colocando em um carro e encaminhando de volta”, afirma a promotora.

A conduta de Hytalo envolvendo menores é investigada pelo Ministério Público da Paraíba desde o fim de 2023, começando por Cajazeiras, terra natal do influenciador. O procedimento inclui ouvir os pais dos adolescentes, para apurar se foram omissos no dever de proteger os direitos dos menores e se receberam algum tipo de vantagem, como valores em dinheiro e imóveis, para ceder os direitos de imagens ou emancipar os filhos. Hytalo foi banido da rede social Instagram; o marido também teve a conta desativada após tentar defender o influencer.

Adolescentes: performances sexualizadas para engajamento digital
Adolescentes: performances sexualizadas para engajamento digital Crédito: Reprodução

Oito celulares, Land Rover e silêncio: casal preso planejava fuga, diz MP

Uma pequena aglomeração - cerca de 25 pessoas - formada por crianças e adolescentes, pedia a soltura do influenciador, em frente ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), próximo à Rodoviária do Tietê, na Zona Norte de São Paulo, na manhã de sexta, logo após a prisão. De acordo com a polícia, mais oito pessoas estavam na residência em Carapicuíba, todas maiores de idade. A defesa afirma que eram familiares de Hytalo.

Ainda de acordo com os investigadores, o casal chegou a São Paulo na quinta-feira e possivelmente estavam planejando uma fuga. Os advogados de defesa do casal afirmam que eles já estavam na cidade para trabalhar e descansar. O casal não resistiu à prisão e permaneceu em silêncio.

O serviço de inteligência da polícia monitorou o veículo usado pro eles - um Land Rover - que ficou estacionado na frente da mansão em Carapicuíba. Oito celulares foram apreendidos - quatro com Hytalo e outros quatro com Israel. Os aparelhos serão periciados. Para os promotores, caso solto, Hytalo poderia destruir provas e fugir até mesmo do país. A defesa do influencer alega inocência. “Hytalo sempre se colocou à disposição das autoridades. Eu não queria usar a palavra perseguição, mas são pessoas que estão sofrendo bastante. As acusações não procedem”, disse o advogado Fernando Cassimiro.