Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Alan Pinheiro
Publicado em 20 de novembro de 2025 às 05:00
“Eu me orgulho da minha trajetória”. Ao olhar para a própria vida e carreira, é assim que a jornalista Rita Batista se sente em relação ao que conquistou. Ela, que agora se prepara para o primeiro papel como atriz da TV Globo, reconhece a ascensão que viveu das rádios de Salvador para a dramaturgia em 2026 e não quer se dissociar do rótulo de comunicadora.>
Após três anos no comando do programa “É de Casa”, a jornalista se despediu da equipe no último sábado (15) para iniciar um novo desafio: a carreira como atriz na próxima novela das 18h, chamada de “A Nobreza do Amor”. Será a primeira vez que ela interpreta uma personagem, embora não seja sua estreia em convites da emissora. Antes, a comunicadora já havia sido chamada para “Vai na Fé” e “Fuzuê”, mas sempre para aparecer como ela mesma.>
Rita Batista
Para a novela “A Nobreza do Amor”, Rita Batista realizou o teste, foi aprovada e agora aguarda para conferir como aparecerá no folhetim global. Apesar de não ter feito teatro, a performance sempre esteve no sangue.
>
“Sempre fui apaixonada pelo teatro, pelo cinema, pela televisão. Não fiz teatro profissional, mas sempre tive uma pontinha alí de atuação. Também canto e quem não sabia viu no Domingão com o Hulk quando cantei com Fafá de Belém”, relembra.>
A nova conquista na carreira transporta Rita para o passado, quando estudava e pensava como contribuir com uma mudança no mundo - como todo jornalista, confessa. A vontade de denunciar as injustiças era latente e idealista, confessa, mas o propósito se manteve durante a carreira.>
Como todo bom jornalista, a “cara de pau” é uma característica que não falta. Em agosto de 2003, enviou um e-mail para o radialista Mário Kertész dizendo: “sua rádio é ótima, mas vai ficar melhor comigo”. Ela foi contratada no mês seguinte para a Metrópole, onde conseguiu desenvolver as suas marcas no jornalismo.>
“Sempre entendi que a seriedade não estava atrelada a sisudez, que a gente podia ser bem humorado, que podia brincar mesmo falando sério. A Metrópole me deu muito isso, de trazer esse bom humor para o jornalismo. Já era um ensaio para o entretenimento, que por sua vez não precisa ser vazio. Não precisa ser um festival de anedotas sem nenhum conteúdo”, diz.>
Apesar da oportunidade no rádio, o sonho estava na televisão. Foi justamente nesta nova trajetória que começou a duvidar de si e quase desistiu. Pensou em permanecer na zona de conforto. As reprovações em testes e a dificuldade de, como mulher negra, conquistar espaço em um ambiente ainda pouco plural alimentavam suas inseguranças.>
Rita Batista
“Cheguei a duvidar da minha capacidade, porque você está sempre inadequada. Sempre você precisa fazer alguma coisa a mais do que as outras pessoas. E ter muito cuidado com isso. Fiz muitos testes no início e nunca passava, sempre era uma questão. O cabelo, a linguagem ou porque era uma pessoa preta. Isso ficou muito claro para mim depois de alguns anos”, recorda. >
Tentar o jornal impresso? A família até incentivou, mas estava fora de cogitação. O objetivo era só a TV. Quando estava prestes a desistir, veio a oportunidade na TV Aratu. De lá, Rita passou por Band, TVE e GNT antes de chegar na Globo. Primeiro como repórter e depois como apresentadora. Ela atuou no Mais Você, Encontro, Criança Esperança e outros programas conhecidos.>
Refletindo sobre a carreira, Rita Batista está satisfeita com tudo o que já fez no jornalismo. Ela entende que é uma mulher que pode servir como inspiração para outras pessoas, mas rejeita a ideia de que sua história seja usada como comparação. Principalmente, diz a jornalista, porque entende a pressão que sofreu para conseguir mostrar o seu talento e não quer que outros desistam.>
“Nós, pessoas pretas, somos exigidas o tempo todo e precisamos provar duas, três vezes que somos capazes e precisamos ser melhores do que outras pessoas para sermos reconhecidas nos nossos feitos, na nossa carreira, no nosso trabalho. Então, às vezes, a comparação é quase que indissociável. Mas precisamos tomar cuidado, porque cada um tem a sua história e é preciso ter a cabeça no lugar. É muito cruel tudo isso”, ressalta. >
A jornalista idealista que fala das coisas importantes com bom humor, porém, confessa ser humilde em relação aos anseios pessoais. >
Em um ritmo “deixa a vida me levar”, segue com os conselhos da família na cabeça, que a criou para ser feliz. De arrependimento, somente não ter aprendido inglês no início da carreira. >
Os sonhos nunca foram projetados, mas surgiam de acordo com cada momento de sua vida. Nunca quis ser mãe, até que mudou de ideia e teve Martim em 2017. “É tudo muito natural e eu ainda estou almejando, ainda estou conquistando”, explica. >
Prestes a começar a carreira como atriz, Rita Batista deixa um recado. Nunca vai deixar a comunicação. Essa nova fase será mais uma oportunidade da vida e, segundo a jornalista, virá somente para somar. >
“Vai ser uma experiência interessantíssima, tenho certeza. Tem nada acabando, nada terminando. Tá tudo ampliando, iniciando, começando e continuando. Todos esses gerúndios bons”, finaliza.>