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Baiana fatura até R$ 60 mil em um mês ensinando a fazer morango do amor e outros doces

Anne, que vive em Santo Antônio de Jesus, percebeu um filão de negócio com a febre do doce de açúcar cristalizado

  • Foto do(a) author(a) Monique Lobo
  • Monique Lobo

Publicado em 3 de agosto de 2025 às 13:00

Anne Cakes fatura R$ 60 mil ensinando a fazer morango do amor
Anne vende os doces e ainda ganha dinheiro ensinando outras confeiteiras a fazer o quitute Crédito: Arquivo pessoal

febre do morango do amor arrastou um enxurrada de vídeos com pessoas testando a receita do doce, outros falhando miseravelmente, além de uma infinidade de frutas cobertas com brigadeiro branco e calda de açúcar cristalizado. Mas a comoção que nasceu na internet trouxe também uma onda de oportunidades.

Confeiteiras de todo o país estão fazendo um dinheiro extra com o produto. Porém, uma baiana de Santo Antônio de Jesus, cidade do Recôncavo, foi além e conseguiu faturar R$ 60 mil em um mês ensinando a fazer esse e outros doces.

Quando o doce viralizou, Anne recebeu mensagem de confeiteiras que não sabiam fazer o ponto da calda e percebeu a oportunidade por Arquivo pessoal

Se você procurar por Claudiane Santana, de 33 anos, lá em Santo Antônio, pode ser que tenha dificuldade em encontrá-la. Mas se falar Anne Cakes (@anne_cakes7), com certeza, alguém vai te indicar um dos três pontos da sua confeitaria: a loja, que fica na Avenida Barros e Almeida, no centro da cidade, o food truck, que está estacionado na praça Padre Mateus, ou a fábrica, que fica no bairro São Benedito.

Empreendedora raiz, daquelas que têm o instinto forte, Anne, como prefere ser chamada, percebeu um fenômeno que estava à margem daquela infinidade de postagens: as dúvidas sobre o ponto da calda.

Parece fácil banhar o brigadeiro recheado naquela poça vermelha de açúcar derretido, mas o que teve de gente mirando no morango do amor e acertando no "morango do ódio" - como são chamadas as tentativas frustradas nas redes sociais - daria pra fazer uma nova trend.

Foi aí que a luz acendeu para Anne. "Eu recebia muitas mensagens de pessoas falando que tinham dificuldade. Muitas confeiteiras tinham dificuldade em fazer o ponto da calda. Se você não der o ponto correto, ela vai derreter, vai queimar, não vai pegar o ponto do vidro. Foi quando eu vi a oportunidade", lembra.

Ela já tinha experiência ensinando outras receitas. Antes do morango do amor virar a sensação que estamos acompanhando, Anne já tinha lançado alguns ebooks (veja abaixo) - que é uma versão digital de um livro - e cursos através da plataforma de economia criativa Hotmart. Então, resolveu fazer um projeto focado no doce popularizado.

O livro foi lançado no início de julho e virou um sucesso na plataforma. Não só o de Anne, a propósito. O nicho como um todo de ebooks e cursos na Hotmart sobre morango do amor movimentaram, entre os dias 17 e 23 julho, cerca de R$ 100 mil na plataforma.

"A internet tem o potencial de transformar qualquer coisa em algo desejável. Porque o produto em si não tem novidade, são técnicas já muito conhecidas da confeitaria, mas muitos vídeos circulando despertam a curiosidade", avalia a confeiteira.

Essa também é a percepção de Alexandre Abramo, diretor de Desenvolvimento de Mercado da Hotmart, onde o ebook de Anne está hospedado. "A febre do morango do amor é um exemplo perfeito de como o mercado digital consegue transformar tendências passageiras em grandes oportunidades de negócio. Quando o produtor já tem autoridade construída e uma comunidade engajada, a resposta pode ser rápida e eficaz. A baixa barreira de entrada dos negócios digitais permite que essas ideias se tornem produtos em tempo recorde e isso é o que torna esse ecossistema tão potente para quem sabe acompanhar o pulso da cultura", explica.

E como se fosse pouco, Anne ainda fatura vendendo o docinho vermelho. "A caixa do morango, hoje, tá sendo vendida por R$ 70. O valor dele, em média, é de $15 a $18. Então, dá pra ganhar muito", comemora.

A fila de clientes dobra o quarteirão da loja. "Eu produzi 250 morangos do amor, na sexta-feira passada [dia 25 de julho] e esgotou em menos de três minutos. No dia seguinte, fiz mais 280, esgotou também", conta orgulhosa. Para dar conta da demanda, incluiu no cardápio um novo item: a coxinha do amor.

"Como todo bom empreendedor, você precisa estar ligado nas oportunidades e estar sempre renovando. O ideal é estar sempre de olho nas redes sociais, ouvir os clientes e ficar atento ao que está surgindo. Se você percebe que um número fora do normal de pessoas começa a falar sobre algo, você precisa ter a sabedoria de usar isso de forma benéfica para o seu negócio", aconselha.

Confira os ebooks de Anne Cakes:

Duzentos reais e um sonho

Quem vê essa empresária com três espaços a pleno vapor e oito funcionários não imagina que tudo isso nasceu da necessidade. Antes de virar confeiteira, Anne dependia exclusivamente da renda do marido, Matheus. Quando a filha, Sophia, completou seis meses, a dificuldade financeira chegou a fazer faltar leite e fralda para a criança.

"Foi quando, em um mês, pagamos tudo que precisava com o salário dele e sobrou apenas R$ 238. Cheguei pra ele e pedi o valor emprestado. Fui em um mercadinho e comprei os materiais para fazer fatias de torta. Não tinha nada, pedi batedeira e forma emprestadas e comecei", recorda.

Quando a filha fez um ano, o marido de Anne sofreu um acidente de trabalho. Precisou se afastar do emprego por 90 dias e foi encostado no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Foi aí que ela tomou a frente e transformou a sua renda na principal da casa. "Eu passei a faturar R$ 12 mil nessa época", conta.

Hoje, a filha do casal tem sete anos e a caçula, a confeitaria, é o negócio da família. Além dos doces e salgados que produz, a Anne Cakes também conta com os ebooks e cursos para confeiteiros. Sem falar, nas possibilidades que surgiram com as redes sociais. "Hoje, eu sou uma das grandes influenciadoras digitais de confeitaria da minha cidade. Me acompanham mais de 280 mil seguidores", destaca ela, que não deixar passar nenhuma boa oportunidade.