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Monique Lobo
Publicado em 25 de junho de 2025 às 17:00
Uma boa notícia para a ciência: 16 jovens cientistas, sendo quatro deles de universidades baianas, foram selecionados para receber o apoio financeiro do Instituto Serrapilheira no valor de R$ 7,4 milhões para desenvolverem suas pesquisas. O valor representa o total de investimento ofertado por meio de dois editais – um voltado a pesquisadores com vínculo permanente em instituições de ensino e pesquisa nas áreas de ciências naturais, matemática e ciência da computação, e outro dedicado a pós-doutorandos negros e indígenas, com foco na área de ecologia, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). >
“Já estamos no oitavo ano de editais de apoio à ciência e este é sempre o momento mais empolgante – o de anúncio do resultado, pois é quando nos deparamos com mais um grupo de jovens pesquisadores praticando uma ciência ousada e arriscada no Brasil", destaca Cristina Caldas, diretora de Ciência do Serrapilheira. "É animador financiar cientistas que estão fazendo perguntas inovadoras, oferecendo a eles recursos flexíveis e autonomia na condução dos projetos, ainda mais contando com a parceria da FAPESB, que amplifica esse apoio.">
Cada um dos selecionados receberá recursos que vão de R$ 250 mil a R$ 500 mil, a serem usados ao longo de cinco anos. A diferença nos valores ocorre porque o montante necessário para a execução de um projeto de pesquisa varia de acordo com as áreas do conhecimento. >
Além desses recursos, os contemplados também podem receber de R$ 100 mil a R$ 200 mil em bônus da diversidade – recurso extra e opcional para investir na formação e inclusão de pessoas de grupos sub-representados em suas equipes.>
A 8ª chamada pública de apoio à ciência contemplou cientistas vinculados a instituições de ensino e pesquisa e em início de carreira. Foram selecionados 12 pesquisadores que atuam na matemática, ciência da computação e ciências naturais (que incluem as ciências da vida, física, geociências e química) ou campos interdisciplinares, e que busquem respostas para grandes questões em suas áreas.>
Pós-docs negros e indígenas >
Em sua terceira edição, a chamada pública de apoio a pós-docs negros e indígenas em ecologia selecionou quatro candidatos, que receberão até R$ 525 mil para investir em seus projetos ao longo de três anos, além de uma bolsa mensal de R$ 5,2 mil. As pesquisas serão desenvolvidas em instituições da Bahia. >
O objetivo do edital é dar apoio para que os selecionados – hoje sem vínculo formal com instituições de ensino e pesquisa – possam obter condições para seguir com suas linhas de pesquisa e obter, em médio prazo, uma posição formal de professor ou pesquisador. Busca, com isso, estimular o aumento do número de professores e pesquisadores negros e indígenas na academia. Afinal, o surgimento de uma nova geração de cientistas com igualdade de acesso a cargos relevantes depende de ações de inclusão agora.>
Uma das pesquisadoras selecionadas é Bárbara Flores, indígena Borum-Kren e a primeira de sua família a frequentar a universidade. Em seu projeto, ela vai investigar como a retomada territorial dos Borum-Kren pode contribuir para a restauração da memória biocultural e para a indução de “cascatas socioecológicas” no Vale do Uaimií, no interior de Minas Gerais, estado onde cresceu. O termo “cascatas ecológicas” é usado na ecologia para designar os efeitos da reintrodução de espécies na natureza, e foi adaptado para análise da retomada pelos indígenas de seus territórios.>
“A cooperação com o Serrapilheira traz novas perspectivas para a atuação da FAPESB”, ressalta Handerson Leite, diretor-geral da fundação. “A Bahia é o estado mais negro do Brasil e com uma população considerável de indígenas. Buscamos ampliar, assim, a ação de grupos sub-representados, possibilitando um destaque cada vez maior no cenário científico e tecnológico da Bahia e do Brasil.”>
Conheça a lista de selecionados da 8ª chamada pública de apoio à ciência:>
Arthur Domingos de Melo (Universidade Federal de Sergipe)>
Busca entender como morcegos polinizadores influenciam a evolução das flores com base em suas preferências sensoriais.>
Bruno de Mendonça Braga (Instituto de Matemática Pura e Aplicada)>
Vai estudar como descrever objetos matemáticos de forma eficiente, explorando problemas de classificação em certos espaços abstratos.>
Bruno Iochins Grisci (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)>
Seu estudo é sobre algoritmos evolutivos como alternativas para o processo de aprendizado de redes neurais artificiais usadas em IA.>
Camila Manoel Crnkovic (Universidade de São Paulo)>
Quer entender como cianobactérias marinhas se adaptam quimicamente a mudanças ambientais.>
Evandro Araújo de Souza (Universidade de São Paulo)>
Vai investigar como células comunicam sinais de estresse entre diferentes tecidos do corpo.>
Livia Souza Freire Grion (Universidade de São Paulo)>
Busca estudar como representar corretamente os movimentos da atmosfera em escalas menores, que desafiam os modelos atuais de previsão do tempo.>
Marcelo Campos (Instituto de Matemática Pura e Aplicada)>
Vai pesquisar como combinar estruturas matemáticas e aleatoriedade para entender como colorir certos grafos.>
Monique Deon (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre)>
Investiga como as características químicas de nanopartículas, além do tamanho, determinam sua capacidade de penetrar na pele.>
Natanael de Carvalho Costa (Universidade Federal do Rio de Janeiro)>
Quer entender como a interação entre luz e elétrons pode induzir novos estados da matéria.>
Patricia Magalhaes (Universidade Estadual de Campinas)>
Vai buscar como diferenciar sinais de novas leis da física de processos que ainda não sabemos descrever com precisão, a partir dos resultados dos experimentos de colisão de partículas do Large Hadron Collider (LHC).>
Sara Gemini Piperni (Universidade Federal do Rio de Janeiro)>
Vai estudar a resposta do corpo ao câncer e o papel do sistema imunológico em modelos tridimensionais de tumores em sistemas de microfluídica.>
Wyllians Borelli (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)>
Vai buscar entender as razões que fazem certas pessoas serem resilientes ao declínio cognitivo que vem com o envelhecimento.>
Confira abaixo a lista de pós-docs negros e indígenas selecionados:>
Anderson Carvalho Vieira (Universidade Federal da Bahia)>
Seu projeto visa responder à pergunta: como medir a velocidade de recuperação da biodiversidade de florestas restauradas?>
Bárbara Nascimento Flores (Universidade Estadual de Santa Cruz)>
Vai analisar como a retomada Borum-Kren pode contribuir para a restauração da memória biocultural e para indução de cascatas socioecológicas no Vale do Uaimií, no interior de MG.>
Marina Bonfim Santos (Universidade Federal da Bahia)>
Vai analisar o que seriam barreiras no ambiente para organismos com extensas áreas de distribuição e capacidade de dispersão através de longas distâncias.>
Nicole Stakowian (Universidade Federal da Bahia)>
Busca responder à pergunta: como a pressão antrópica afeta a saúde de invertebrados de costões rochosos?>