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Maysa Polcri
Publicado em 16 de outubro de 2025 às 19:01
Um comunicado da Faculdade Santíssimo Sacramento, em Alagoinhas (BA), provocou indignação entre a comunidade acadêmica. Na terça-feira (14), a instituição anunciou a proibição de crianças no campus. De acordo com a nota, a determinação atende ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). >
"Considerando que os espaços destinados às atividades acadêmicas são projetados e adequados para o público adulto, comunicamos à comunidade acadêmica que fica proibida a permanência de crianças na instalação da faculdade. Tal medida também tem por objetivo resguardar e garantir a segurança e o bem-estar de todos", diz o comunicado. >
A reação foi imediata: alunos utilizaram as redes sociais para demonstrar o descontentamento com a medida. "A faculdade deveria ser um espaço de acolhimento, incentivo e compreensão, especialmente para as mães que lutam diariamente para conquistar um futuro melhor", escreveu uma pessoa, no perfil da instituição no Instagram. >
Faculdade na Bahia proíbe crianças no campus e causa revolta de estudantes
"É revoltante ver uma faculdade proibir a presença de crianças, como se ser mãe fosse um erro. Essa regra exclui justamente quem mais enfrenta dificuldades para continuar estudando: as mulheres que cuidam, que lutam, que resistem todos os dias", pontuou outro. Dois dias depois, nesta quinta-feira (16), a faculdade publicou uma nota de esclarecimento, reafirmando sua posição. >
"O comunicado buscou, exclusivamente, atender a questões de segurança e adequação dos espaços acadêmicos, projetados para o público adulto. Reconhecemos, contudo, que a forma como a mensagem foi interpretada despertou preocupações legítimas e acolhemos essas manifestações com empatia e escuta aberta", escreveu. A faculdade afirma ainda que casos de alunos serão tratados de forma individual. >
A medida anunciada pela instituição não repercutiu apenas no meio acadêmico. O Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes de Alagoinhas publicou uma nota de repúdio contra a determinação. De acordo com a entidade, a faculdade deturpou o que diz o ECA ao colocar em prática uma medida "discriminatória" e "excludente". >
"O ECA não proíbe a presença de crianças em espaços públicos ou privados, tampouco estabelece qualquer impedimento à sua permanência em instituições de ensino superior. Ao contrário, o ECA assegura o direito à convivência familiar", ressalta o conselho. A entidade ainda propôs medidas para tornar a faculdade mais acolhedora às crianças, como uma creche universitária. >