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Maysa Polcri
Publicado em 16 de outubro de 2025 às 15:55
Após ser alvo de uma ordem de despejo do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), a Well Academia, na Pituba, não está cumprindo as obrigações trabalhistas. Funcionários buscaram o CORREIO para denunciar o atraso de salários e a falta de contratos trabalhistas. O estabelecimento também não paga o aluguel do espaço que ocupa há mais de um ano e acumula dívida de R$ 1 milhão. >
A reportagem teve acesso a conversas de funcionários com a gerente da academia. Os que cobraram os pagamentos receberam a informação de que os salários seriam pagos na quarta-feira (15), o que não foi feito. A data oficial de pagamento é o quinto dia útil do mês. "Estamos com receio de que a academia decrete falência e que, por isso, a gente fique sem receber", disse um dos denunciantes, sob condição de anonimato. >
Dentro da academia, o clima é de tensão desde que foi noticiado que a Well deve R$ 1 milhão ao dono do imóvel. O valor é referente às dívidas que se acumulam desde que o contrato de aluguel foi finalizado, em julho do ano passado. "O silêncio é total. Nós chegamos a questionar sobre as notícias, mas a gerência afirma que é tudo mentira", comenta o funcionário. >
Um dos trabalhadores foi contratado sem que houvesse a formalização de um contrato de trabalho. A reportagem entrou em contato com a defesa da academia e aguarda retorno sobre as denúncias. >
Como mostrou o CORREIO, a Justiça determinou o despejo da academia, atendendo ao pedido do dono do imóvel. Inicialmente, o TJ-BA decidiu que a Well deveria deixar o espaço mediante ao pagamento de caução. Na semana passada, uma nova decisão retirou a obrigatoriedade do pagamento, obrigando a saída imediata da Well. Até agora, a academia não se manifestou no processo. >
A disputa envolvendo uma das academias mais movimentadas do bairro não é nova. O proprietário do imóvel, um idoso de 62 anos, que possui diferentes problemas de saúde, conta que os atrasos no pagamento de aluguel de R$ 30 mil ocorreram diversas vezes ao longo de dez anos. "Durante a pandemia, principalmente, foram muitos problemas. Ele pagava só quando queria", conta o proprietário, que prefere não se identificar. >
Well Academia fica localizada na Pituba
Ao fim do prazo de aluguel, o dono não quis a renovação e notificou o locatário para que ele deixasse o imóvel, o que não foi aceito. Coube ao proprietário entrar na Justiça para exigir o despejo. >
A advogada Morgana Cotias, que representa o dono do imóvel, afirma que a academia funciona de forma irregular desde o fim do contrato. "Eles são obrigados a sair. Ainda que não tivesse decisão judicial, o contrato acabou há mais de um ano. A Justiça está fazendo o que o locatário deveria fazer. Ele está ocupando o espaço de outra pessoa sem a permissão do proprietário", pontua.>
Além de não ser localizado pela Justiça para ser notificado durante o processo, o empresário saiu do quadro da sociedade da academia. Para a advogada Morgana Cotias, trata-se de uma manobra. "Depois que movemos a ação, o empresário saiu do quadro da sociedade da academia. Ele fica sem endereço firmado para que não seja citado no processo. Até conseguimos a citação dele na academia. Mas a academia alegou que o empresário não é mais sócio, apenas a mãe dele permanece como societária", detalha. >
O CORREIO entrou em contato com a academia e solicitou contato com o empresário, que esteve à frente do quadro de sócios durante dez anos - período em que durou o contrato de aluguel entre as partes - mas não obteve retorno. Funcionários da Well disseram não conhecer o homem. A reportagem não conseguiu contatá-lo diretamente.>
A defesa da academia também foi procurada, mas não se manifestou sobre a nova decisão judicial até esta publicação. O espaço segue aberto. Em posicionamento anterior, o advogado que representa a Well informou que não se pronunciaria sobre o caso. >
"Da análise das perguntas a nós encaminhadas, verificamos tratarem-se de questionamentos evidentemente técnico-jurídicos. Portanto, como o cenário dos questionamentos levantados estão postos no processo judicial, onde as partes tiveram e terão oportunidade de se manifestar, ficará a cargo do Poder Judiciário responder às indagações e as partes adotarem as medidas determinadas pela Justiça", respondeu a defesa. >