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Wendel de Novais
Publicado em 21 de novembro de 2025 às 07:26
Os investigados pelo esquema que desviou mais de R$ 12 milhões da saúde pública de Formosa do Rio Preto, no oeste da Bahia, foram alertados sobre a operação policial antes mesmo de ela ocorrer. De acordo com informações do g1, após o vazamento da primeira fase da ação, em 2024, uma das suspeitas chegou a esconder o próprio celular na cama dos filhos, sob as cobertas, para impedir que o conteúdo do aparelho fosse acessado pelos agentes. >
A mulher foi identificada como Maria Raquel de Araújo Santos, cunhada de João Rocha Mascarenhas, cirurgião-dentista e ex-secretário de Saúde do município. Além de ocultar o telefone, ela teria levado um computador para outro imóvel, também com o objetivo de dificultar a apreensão. >
Outro detalhe do vazamento é que, cerca de 15 dias antes da deflagração da operação, outro integrante do grupo realizou buscas na internet sobre o departamento policial responsável pelo caso e sobre a delegada titular da unidade, levantando indícios de que os investigados buscavam informações para tentar se antecipar às ações de fiscalização. >
Hildjane Leite foi preso na Operação USG
Vereador e ex-secretários presos >
Os líderes do esquema criminoso que teria desviado R$ 12 milhões em Formosa do Rio Preto, no oeste da Bahia, estão entre os nove presos da Operação USG, deflagrada na manhã de terça-feira (18). Segundo fonte policial consultada, eles são Hildjane Leite, José Rocha Mascarenhas e Raimunda Eliane Soares Pedrosa, que se valiam das posições que ocupavam em cargos públicos para viabilizar todo o esquema. >
Hildjane concorreu a vereador nas últimas três eleições, sendo eleito em 2016, derrotado em 2020 e reconduzido ao cargo em 2024. Natural de Urandi, mora em Formosa do Rio Preto há mais de vinte anos. Além da função na Câmara, já foi duas vezes secretário de Saúde do município. >
Já José Rocha Mascarenhas e Raimunda Eliane Soares Pedrosa, assim como ele, atuaram como secretários da pasta e são apontados como líderes do esquema que envolvia plantões médicos falsos, manipulação de exames e contratos de licitação. O profundo conhecimento da estrutura da secretaria e do sistema municipal de saúde foi fundamental para que os envolvidos chefiassem a organização criminosa, que levou a outras seis prisões. >
Operação mira grupo que desviou R$ 12 milhões da saúde pública
Como os desvios funcionavam >
As investigações revelaram uma estrutura criminosa voltada para o desvio de verbas da saúde pública. O núcleo central da organização era formado pelos ex-secretários municipais que, com o auxílio de familiares e empresários, controlavam contratos de clínicas e laboratórios credenciados pelo município. >
Entre os envolvidos estão médicos apontados como sócios formais de empresas de fachada e diretores hospitalares responsáveis por validar procedimentos jamais realizados. Relatórios técnicos identificaram que clínicas credenciadas estavam entre as utilizadas para viabilizar o esquema. >
O mecanismo de fraude incluía a emissão de exames, plantões e atendimentos fictícios, além de lançamentos completamente incompatíveis com a dinâmica assistencial do município. Uma das irregularidades identificadas foi a quantidade de ultrassonografias, considerada nove vezes superior à média regional. >