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Elaine Sanoli
Publicado em 29 de setembro de 2025 às 17:41
Caíque dos Santos Reis, de 16 anos, morto por policiais militares neste domingo (28), no bairro de São Marcos, foi a 34ª vítima fatal de disparos de arma de fogo em Salvador e na Região Metropolitana. De acordo com dados do Instituto Fogo Cruzado, ao menos 52 adolescentes foram baleados nas áreas avaliadas. Destes, 34 morreram. >
Na tarde do domingo, Caíque acompanhava um campeonato de futebol amador que estava acontecendo na localidade de São Domingos quando foi abordado por policiais do Batalhão Gêmeos. Ele era estudante e trabalhava em uma barbearia. Segundo a mãe do jovem, nesta segunda-feira (29), ele começaria em um novo emprego.>
Ação da PM em São Marcos terminou com dois mortos
“Caíque estava ali porque era morador e porque estava acontecendo um campeonato na quadra. Ele não era criminoso, não estava com arma. Foi baleado simplesmente porque a polícia chegou atirando, e ele é mais um inocente que levou tiro, mesmo depois de estar rendido”, relatou um morador ouvido pelo CORREIO.>
A mãe de Caíque, Joselita dos Santos Cruz, contou, em entrevista à TV Bahia, que o jovem foi rendido, mas mesmo assim foi atingido com um tiro na perna. "Depois, levaram lá para dentro, deram um bocado de tiros e disseram que foi troca de tiros. Colocaram ele como traficante, dizendo que foi encontrado com armas e drogas. Meu filho não traficava, não fazia nada disso", protestou.>
A versão da Polícia Militar é de que equipes do Batalhão Gêmeos faziam patrulhamento na Avenida Gal Costa quando receberam denúncia sobre pessoas armadas na região. “Durante a incursão, um grupo de homens efetuou disparos contra os policiais, que reagiram. Encerrado o confronto, dois suspeitos foram encontrados feridos”, informou a PM em nota. Os dois foram levados para o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), mas não resistiram aos ferimentos.>
Ainda em nota, a PM informou que, durante a ação, foram apreendidos uma pistola calibre 9 mm, um revólver e porções de maconha, cocaína e crack. O material foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelo registro da ocorrência. Segundo a instituição, as armas usadas pelos policiais foram apresentadas à perícia técnica para apuração das circunstâncias do caso. "O Comando da PMBA, por meio da Corregedoria, acompanha o caso e reafirma que todos os desdobramentos serão analisados com a isenção e a transparência necessárias, em cooperação com os órgãos competentes”, acrescentou a corporação.>