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Mais Gre-Nal do que BaVi e muito chimarrão: conheça a cidade mais gaúcha da Bahia

Município abriga o maior Centro de Tradições Gaúchas (CTG) do Brasil

  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Maysa Polcri

Publicado em 20 de outubro de 2025 às 05:30

Apresentação de dança gaúcha no oeste da Bahia
Apresentação de dança gaúcha no oeste da Bahia Crédito: Reprodução

Coloridas e de diversos tamanhos, as cuias para chimarrão lotam uma prateleira na casa de Daniele Bohrer Fraporti. Natural da cidade de Soledade, no Rio Grande do Sul, ela transformou o hábito familiar em negócio: personaliza e vende os recipientes que guardam a infusão de erva mate. A produção, no entanto, ocorre a mais de 2,3 mil quilômetros de onde nasceu, na capital do agro na Bahia. 

No extremo oeste baiano, em Luís Eduardo Magalhães, Daniele Bohrer conquistou a clientela fiel. "Os fornecedores que me vendem os produtos são do Sul [do Brasil] e eles até acham engraçado quando eu falo que moro na Bahia. Aí eu explico que, na nossa cidade, a maioria das pessoas é de fora do estado. Mesmo quem nasce aqui, absorve a cultura dos pais e avós", conta Daniele. 

A origem do chimarrão remonta ao consumo da erva-mate pelos povos indígenas guaranis. Ele é produzido pela infusão da planta erva-mate moída e representa muito mais do que uma simples bebida. Para os gaúchos que vieram para a Bahia atraídos pelo agronegócio, o costume é a oportunidade de se conectar com a cultura mesmo estando longe. A tradição é, inclusive, passada através das gerações. Um dos filhos de Daniele está aprendendo a produzir a bebida desde criança. 

Tradição gaúcha em Luís Eduardo Magalhães por Reprodução

A cidade de Luís Eduardo Magalhães é a que mais cresce na Bahia. O município teve a maior taxa de crescimento populacional do estado, de 1,5%, o que representou mais 1.720 habitantes entre as estimativas de 2024 e 2025, segundo o  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população é de 118,3 mil habitantes.  

O aumento da população não está ligado apenas à natalidade, mas às oportunidade de emprego e renda. O Produto Interno Bruno (PIB) é de R$ 8,8 bilhões - o quinto maior do estado. O enriquecimento se deve ao agronegócio, já que a produção de algodão, soja e milho rendem ao município a fama de ‘capital’ do agro.

A localização é estratégica, na divisa dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (Matopiba). É na cidade que acontece a Bahia Farm Show, uma das maiores feiras de tecnologia agrícola e negócios do Brasil.

A atratividade financeira transformou Luís Eduardo Magalhães em um caldeirão de pessoas vindas de diferentes cidades braisileiras. Nessa equação, os sulistas ficam com proporção significativa. "Se você chega aqui e transita pela cidade, você não sente que está na Bahia por que não se vê tanto a cultura da Bahia, mas a sulista", diz Daniele. Até as grandes redes de supermercado vendem cuias e itens para a produção de chimarrão para conquistar a clientela. 

Tradição

Também é em Luís Eduardo Magalhães que está o maior Centro de Tradições Gaúchas (CTG) fora da região Sul do país. Lá, sulistas se encontram para praticar laço - realizado em rodeios - e as mais de 30 danças tradicionais. Atualmente, são cerca de 350 associados que se reúnem para celebrar a cultura gaúcha. 

Ana Simionato é paranaense, mas integra a diretoria do CTG há oito anos. Ela é uma das responsáveis por organizar os quatro eventos oficiais que acontecem todo os anos na cidade. O Baile do Chopp, Almoço de Dia das Mães, a Semana Farroupilha e o Rodeio, em agosto, movimentam a cultura local e evidenciam as tradições do Sul na Bahia. O CTG foi criado por um casal de gaúchos no início da década de 1990 e, desde então, vem ganhando adeptos. 

"O clube foi fundado para que as pessoas pudessem vivenciar os costumes que tinham no Sul. É uma forma de amenizar a saudade das nossas origens", conta Ana Siminonato, que se formou em Agronomia e veio trabalhar na Bahia. "O CTG, desde sempre, foi um lugar em que eu me senti mais próxima de casa", completa.

A mensalidade para ser sócio do clube é R$ 80. Não é preciso ser associado para frequentar o CTG, mas a participação em competições em rodeios e de dança só é permitida aos sócios. Desde cedo, crianças são levadas pelos pais ao centro para ter contato com a tradição dos familiares. "É uma forma de levar conhecimento aos nossos filhos e fazer com que eles criem gosto pela nossa tradição", resume.