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Yan Inácio
Publicado em 17 de setembro de 2025 às 07:50
Além do aumento do fluxo de turistas, a requalificação da estrada que liga a cidade de Palmeiras ao Vale do Capão, na Chapada Diamantina, reinaugurada em maio deste ano, tem feito crescer os valores dos loteamentos na região. O crescimento da movimentação financeira motivou a criação de uma campanha ambiental, organizada por moradores da região. >
“A nossa questão principal é a especulação imobiliária, porque a estrada sempre foi um filtro. Agora, os terrenos estão crescendo rápido demais. Também está havendo um fracionamento da terra sem controle nenhum dos órgãos públicos”, conta Adson Lima Leite, um dos coordenadores da Campanha Ambiental Vale do Capão. Segundo ele, antes da requalificação da via, o volume de turistas era bem menor que o atual.>
A pavimentação do trecho da BA-849 foi autorizada em junho de 2022 pelo ex-governador Rui Costa (PT). A obra foi interrompida no ano seguinte por recomendação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), após a Prefeitura de Palmeiras emitir um licenciamento irregular para o início das intervenções. O serviço foi retomado e entregue em maio deste ano.>
Estrada pavimentada no Vale do Capão
Com a requalificação da via, o metro quadrado praticamente triplicou em algumas áreas do destino turístico desde o ano passado, de acordo com Leite, também membro do Grupo Ambientalista de Palmeiras (GAP), organização que atua há mais de 20 anos na região. “No entorno da vila, na zona urbana, o metro quadrado custava de 80 a 100 reais, hoje já dobrou. Em alguns lugares, como na entrada e nas áreas mais próximas da vila, o preço tem triplicado”, diz Leite.>
Entre as principais reivindicações da campanha está a elaboração de um Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) para o município. O documento é um guia para o planejamento da ocupação das terras para um melhor funcionamento urbano e qualidade de vida dos moradores. “A gente não é contra o desenvolvimento, mas contra o desenvolvimento sem cuidado, sem sustentabilidade, como está acontecendo”, explica Leite.>
O impacto ambiental gerado pelo maior fluxo de turistas também preocupa os organizadores da campanha. “Não existe uma Secretaria que regule a visitação de turistas. Por exemplo, numa área de parque nacional não pode entrar com plástico, não pode fazer fogueira, nem entrar com pet, mas não há fiscaliza”, conta Leite.>