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Carol Neves
Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 13:07
O ex-ministro e presidente estadual do Partido Liberal (PL), João Roma, repudiou nesta quarta-feira (17) o assassinato de três trabalhadores encontrados torturados e executados no bairro do Alto do Cabrito, no Subúrbio de Salvador. As mortes ocorreram na terça-feira (16) e foram ordenadas pelo Comando Vermelho (CV), que impõe cobrança de “pedágio” e extorsão a trabalhadores e comerciantes na capital e no interior da Bahia. >
Para Roma, o episódio evidencia o grau de domínio das organizações criminosas sobre áreas do estado e a violência com que esses grupos têm atuado. Ele classificou o caso como trágico, cruel e emblemático, afirmando que o crime organizado tem se sobreposto à presença do poder público.>
“Hoje, infelizmente, o que percebemos é que o Estado paralelo imposto pelo crime está se sobressaindo em relação ao Estado. Esta tragédia expõe, de forma brutal, o grave nível de controle que as facções criminosas conquistaram em territórios da Bahia. Não é ataque isolado, é reflexo de anos de conivência, incompetência e políticas de segurança pública que fracassaram sob administrações petistas”, afirmou João Roma.>
Vítimas gravaram vídeo brincando antes de morrer
O dirigente atribuiu o avanço das facções ao que chamou de omissão governamental e criticou diretamente as gestões do PT, incluindo o atual governo de Jerônimo Rodrigues. Segundo ele, a falta de políticas de segurança eficazes permitiu que grupos criminosos atuassem com impunidade, controlassem territórios inteiros e espalhassem medo entre a população.>
“Os homens mortos ontem saíam para trabalhar e sustentar suas famílias. Eles foram vítimas de um crime hediondo. Essa realidade é fruto da conivência e da falta de políticas de segurança eficazes por parte do governo do PT na Bahia. Anos de discurso vazio e políticas sem resultados transformaram territórios inteiros em zonas de domínio de facções”, declarou.>
Roma também lamentou o cenário de violência no estado, que, segundo ele, vive um contexto de presença mínima do Estado diante da força das organizações criminosas. Para o ex-ministro, essas facções impõem regras paralelas, promovem extorsões e aterrorizam moradores tanto de Salvador e grandes centros urbanos quanto de cidades menores do interior.>
Além das críticas à política de segurança, o presidente do PL na Bahia afirmou que o PT resiste em classificar essas facções como organizações terroristas, medida que, em sua avaliação, seria fundamental para um enfrentamento mais duro ao crime organizado.>
“O que nós vimos com esse caso é, sem dúvidas, uma ação terrorista. A postura do governo do PT de não classificar essas facções como organizações terroristas é outro sinal da falta de coragem política em enfrentar de fato o crime organizado. Enquanto isso, trabalhadores são mortos, famílias choram e a sociedade vive aterrorizada”, disse Roma.>
Mortes>
Ricardo Antônio da Silva Souza, de 44 anos, Jackson Santos Macedo, 41, e Patrick Vinícius dos Santos Horta, 28, foram executados por traficantes em uma ação de opressão do Comando Vermelho (CV) pela falta de pagamento do ‘pedágio’ por parte da empresa para qual eles trabalhavam.>
“Os três foram levados para uma área que tem sido usada pelos traficantes como local de execuções e desova. O crime não foi tarde, aconteceu no início da noite para dar um recado. Tudo indica, até o momento, que a empresa para qual eles trabalham não faz o pagamento do ‘pedágio’ para atuar ali e a punição imposta pelos criminosos foi pegar os funcionários”, conta o policial, que fala sob anonimato com a reportagem.>
O pedágio citado é a taxa cobrada pelas facções a empresas de bairro para atuar em determinadas localidades controladas pelo crime. Ainda segundo a fonte, os três técnicos não tinham qualquer envolvimento com ações criminosas e foram executados com farda e mãos e pés amarrados. No Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), não há nenhum processo contra as vítimas, o que atesta a informação do policial.>
A ocorrência foi registrada por volta das 19h30 na na Rua 3 e, após acionamento, policiais militares da 14ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Lobato) foram acionados para atender a ocorrência de homicídio. Ao chegarem ao local, os agentes constataram os óbitos e isolaram a área até a chegada da equipe do Departamento de Polícia Técnica (DPT).>
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), unidade de Salvador, investiga o triplo homicídio. Guias para perícia e remoção dos corpos foram expedidas, e diligências e oitivas seguem em andamento para esclarecer as circunstâncias do caso. >