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Elaine Sanoli
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 20:59
Uma cirurgiã-dentista de Vitória da Conquista, no Sudoeste da Bahia, foi denunciada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) por exercício ilegal da medicina e lesão corporal. Ela é investigada por ter provocado ferimentos em pelo menos quatro pacientes entre setembro de 2024 e fevereiro de 2025.>
O advogado das vítimas contou, em entrevista à TV Bahia, que poucos dias após os procedimentos realizados pela dentista Carolina Nader Santos, os pontos das pacientes começaram a se soltar. “Elas não tiveram assistência adequada. As orientações repassadas não surtiram efeito e, quando questionaram a profissional, ela chegou a dizer que era normal e que o resultado não saiu como esperado porque as pacientes teriam engordado”, relatou. Cada vítima teria pago cerca de R$ 15 mil.>
Durante as intervenções, a dentista teria feito incisões e suturas semelhantes ao lifting de pescoço, procedimento não autorizado para profissionais de odontologia, conforme apurado pela TV Bahia.>
Segundo a Polícia Civil, que já havia indiciado a dentista no dia 12 de setembro, os procedimentos realizados foram a platismoplastia, que redefine o contorno do pescoço, e o lifting facial, voltado ao rejuvenescimento. “As intervenções foram feitas sem habilitação legal e causaram cicatrizes e danos permanentes nas vítimas”, afirmou o titular da 1ª Delegacia Territorial de Vitória da Conquista, delegado Paulo Henrique.>
A investigação também apontou que os atendimentos ocorreram em uma clínica sem estrutura hospitalar adequada, resultando em lesões graves em quatro pacientes. As vítimas procuraram a delegacia para registrar a denúncia. “A profissional foi ainda autuada e fiscalizada pelo Conselho Regional de Odontologia, que aplicou suspensão cautelar de 30 dias e recomendou a abertura de processo disciplinar”, acrescentou o delegado.>
A defesa da dentista alegou que as complicações são decorrentes do pós-operatório e refletem reações naturais do organismo. “Todos precisam entender que qualquer procedimento estético guarda risco de não sair conforme desejado pelo paciente. Dentre esses riscos estão: a cicatrização hipertrófica, a queloidiana e a fibrose, que são os casos dessas pacientes. Não podemos aceitar a criminalização desse tipo de intercorrência e complicação, que são mais relacionadas à resposta do corpo humano e à conduta do paciente no pós, do que à técnica do cirurgião-dentista”, declarou a advogada Thaís Canêdo.>
À TV Bahia, o delegado informou que a investigação continua, pois novas vítimas denunciaram a profissional relatando lesões semelhantes.>