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Elaine Sanoli
Wendel de Novais
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 18:20
A advogada Lilian Joic Silva Batista se tornou o alvo central da investigação de um esquema de fraude em processos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) na Bahia. Nesta terça-feira (23), a segunda fase da Operação Raízes de Papel, além da profissional do direito, chegou até o gerente do INSS que a auxiliava, pois estaria apaixonado por ela, e a empresa do marido dela no Rio de Janeiro.
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Veja quem é a advogada investigada pela PF
A Operação Raízes de Papel foi deflagrada no dia 30 de junho de 2025. Dois escritórios de advocacia, localizados nas cidades de Juazeiro e Sobradinho, foram alvos de mandados de busca e apreensão. A fraude descoberta pela Polícia Federal (PF) envolvia o pedido do auxílio-maternidade rural.>
Segundo uma fonte policial ouvida pelo CORREIO, Lilian é a responsável por gerir o esquema que protocolou ao menos 30 processos fraudulentos para solicitar benefícios previdenciários.>
As investigações identificaram que Lilian abordava mulheres grávidas sob o falso pretexto de que elas teriam direito ao recebimento do benefício por terem filhos. O INSS, no entanto, apenas concede o benefício à pessoa que se afastar da atividade rural por motivo de nascimento de filho(a), aborto não criminoso, adoção ou guarda judicial para fins de adoção.>
Com a ajuda de um fazendeiro, ela falsificava documentos que comprovavam vínculo empregatício de seus clientes com empresas em que eles nunca trabalharam, lesando o INSS. “O que temos de investigação, inclusive com a confissão do dono da fazenda, é que ela pagou R$ 6 mil a ele para assinar os contratos de todas as mães que arranjou para a fraude. Localizamos 30 processos com essas características de fraude, mas há mais processos sob investigação”, relatou o policial.>
Depois de conseguir a concessão do benefício, as investigações indicam que a advogada permanecia com o dinheiro e não repassava qualquer valor para as clientes, que passaram a cobrá-la.>
Além do fazendeiro, Lilian contava com a ajuda de mais uma pessoa para conseguir burlar o sistema: um dos gerentes do instituto previdenciário. De acordo com o relato de um dos investigadores do caso, o servidor público participava do esquema criminoso por ser apaixonado pela advogada. Em troca de mensagens com o irmão de Lilian, o gerente chegou a questionar a motivação de ela ter se casado no Rio de Janeiro com outro homem. Ele atuava fornecendo informações essenciais para a execução das fraudes e dando tratamento especial à advogada na agência.>
O investigador contou que, no decorrer das investigações, foi encontrada uma tabela com informações sobre quanto cada pessoa envolvida no esquema receberia. “Considerando o cargo e os ganhos do servidor, ele não ajudava por questão financeira. A suspeita é que o gerente era apaixonado pela advogada e concedia esses favores para, de alguma forma, estar mais perto dela”, relatou sob anonimato.>
Com as investigações em andamento, no mês de março, Lilian se mudou para o Rio de Janeiro. Segundo fonte policial ouvida pelo CORREIO, foi solicitada a prisão de Lilian, mas a Justiça autorizou apenas o monitoramento eletrônico. Além de usar tornozeleira eletrônica no Rio de Janeiro, a advogada teve que entregar o passaporte e está proibida de sair do país, entrar em agências do INSS e atuar em causas previdenciárias.>
Carros de luxo foram apreendidos em mandado contra a advogada
O servidor público investigado, por sua vez, foi afastado de suas funções por facilitar transações internas no órgão para a advogada, passando informações fundamentais para que ela continuasse com a fraude.>
A prisão preventiva do irmão de Lilian foi efetuada pela Polícia Federal, também nesta terça, durante a Operação Radícula, deflagrada como desdobramento da Operação Raízes de Papel. A análise de um celular apreendido durante a investigação da fraude no INSS revelou material de abuso sexual e conversas em que o homem tentava aliciar menores por meio de aplicativos de jogos.>
De acordo com as investigações, o suspeito mantinha conversas com menores e tentava ganhar a confiança das crianças para ter algum tipo de relação ou obter imagens íntimas. Além disso, verificou-se que, no celular do envolvido, havia fotos de pessoas de sua convivência, cujo teor está sendo apurado pela Polícia Federal.>
“Na primeira fase da Operação Raízes, o irmão de Lilian foi um dos alvos de mandados de busca e apreensão. No material apreendido, foram identificadas imagens de abuso sexual infantil, o que resultou em sua prisão agora”, explicou uma fonte policial ouvida pelo CORREIO.>