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'Nos educou para a vida', diz filha adotiva de Divaldo Franco

Líder espírita teve 650 filhos sob sua guarda

  • Foto do(a) author(a) Yan Inácio
  • Yan Inácio

Publicado em 15 de maio de 2025 às 05:34

Velório de Divaldo Franco
Velório de Divaldo Franco Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

“Esse amor não tem explicação, era uma coisa tão real, tão natural. Ele compartilhou todos esses momentos até com meus filhos”, conta Nailda Maria Contreiras, 80 anos. A idosa foi a oitava filha adotada pelo líder espírita Divaldo Franco, que morreu aos 98 anos nesta terça-feira (14). Famoso por sua obra social, mesmo sem ter sido pai biológico, o médium adotou mais de 650 pessoas e muitas delas viveram na instituição filantrópica Mansão do Caminho, em Pau da Lima.

Nailda passou a morar na fundação socioassistencial aos quatros anos, em 1949, quando sua mãe, que trabalhava como costureira para a família de Dinaldo, ficou viúva. O médium, então, a convidou para viver na Mansão junto com as outras três irmãs de Nailda. “Ele não falava, ele praticava. Foi um pai sem igual porque ele brincava com a gente, cozinhava junto, nos levava para a praia, ao cinema. Tinha diálogos e sempre conversava conosco”, relembra.

Nailda cresceu cercada pelas irmãs de sangue e os adotivos,  e foi a primeira de sua família a se formar no magistério. Depois de se tornar professora, ela casou e teve três filhos e netos, que são os bisnetos mais velhos de Divaldo. A idosa diz que o líder religioso nunca parou de ajudá-la e que sua ausência carnal trará saudades.

“Ele que me deu meu primeiro emprego e a todo momento nos educou para a vida. Então, foi uma pessoa que fez parte da nossa vida e vai fazer muito mais agora [depois de falecer]. É uma gratidão grande demais”, diz Nailda. “Sabemos que o espírito é eterno, ele agora vai olhar muito mais para a gente, e eu tenho certeza que o que ele fazia, ele vai fazer muito mais do outro lado, nos apoiar, nos orientar, estar ao nosso lado ali, em todos os momentos”, completa.

Helena Silva, 56 anos, chegou junto da irmã à Mansão do Caminho, aos quatro anos, depois de ficar órfã. Hoje, ela faz parte da equipe administrativa da instituição e destaca a humildade que Divaldo demonstrava através de suas atitudes. “O cotidiano dele era assim, essa pessoa simples, humilde, que você chegava e sentia o prazer de estar ali com ele. Ele transmitindo aquela energia de paz, de aconchego, de acolhimento. Foi isso que ele passou para a gente”, conta.

Ela revela que aprendeu seu ofício durante a convivência na fundação e que, mesmo com a liderança religiosa de Divaldo, nenhum de seus filhos foi obrigado a seguir a religião espírita. “A profissão que eu adquiri foi tudo que a gente aprendeu aqui na prática. Tivemos estudos para poder crescer como pessoas de boa conduta moral e espiritual. Ele não exigiu de nenhum filho ser espírita. Cada um escolheu sua religião conforme o seu entendimento”, apesar disso, ela escolheu seguir os rumos religiosos do pai adotivo.

Antes de morrer, a mãe de Nilson Pereira da Silva, conhecido como Nilsinho, que agora tem 54 anos, ligou para a Mansão do Caminho e pediu que a instituição adotasse dois de seus nove filhos. Divaldo aceitou a proposta, então ele e a irmã gêmea Agnes passaram a morar no local. A lembrança da convivência com o pai adotivo é de carinho e cuidado. “Nos ensinou a cuidar uns dos outros e de nossas tias que, quando foram ficando idosas, passamos a cuidar delas. O papel se inverte, o filho agora cuida do pai”, reforça.

Nilsinho está à frente da panificadora Jubileu há mais de 30 anos. O estabelecimento produz alimento para uso próprio de toda Mansão do Caminho, incluindo as várias escolas localizadas no complexo filantrópico, que contam com cerca de 2,5 mil alunos matriculados. Para ele, o legado de Divaldo representa “o canto evangélico de Jesus".

“Essa mansão do caminho é sustentada, pautada neste canto. A caridade, o amor ao próximo, esse estender a mão, acolher aqueles que são abandonados pela sociedade. O legado que fica é o legado do amor. E eles sempre nos dizia: ‘Meu filho, acolha a todos que vierem te procurar’”, finaliza.